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02/07/2021 às 17h49min - Atualizada em 02/07/2021 às 17h49min

Ilha de Algodoal

Pontos Turísticos do Estado do Pará


Com 562 quilômetros de área litorânea que incluem diversas rotas, Algodoal, uma das ilhas que compõem o território do município Maracanã, é um dos destinos que lideram a preferência do paraense que conta os dias para a chegada do verão. Na região estão localizadas algumas das mais belas praias do estado.

Até chegar à ilha, o veranista percorre uma rota de 165 quilômetros que passa por vários municípios. Todo o trajeto é regular bem sinalizado. Saindo da capital, Belém, o motorista segue pela BR-316 até o município de Castanhal e acessa a PA-136, passando pelo município de Terra Alta até a entrada de Marapanim. No caminho, muitos viajantes não resistem a uma paradinha para apreciar as dezenas de produtos que são comercializados por famílias de pequenos agricultores que vivem em comunidades localizadas às margens da estrada. São frutas da estação, verduras, doces, óleos e uma infinidade de iguarias, como o tucupi, que dão um colorido especial à paisagem.

Na chegada a Marapanim, declarada capital paraense do carimbó, o visitante já começa a se ambientar à paisagem, margeada por manguezais onde se vêem centenas de árvores de longas raízes aéreas, e que se estende até o pórtico em formato do caranguejo, um dos símbolos da região.

Daqui em diante o caminho segue um roteiro que não tem erro. Dobrando à direta, quem chega é recebido pela estátua sorridente de Mestre Lucindo, erguida no trevo de entrada da cidade em homenagem à maior expressão do ritmo local, cuja mão direita indica a direção do distrito de Marudá, cidade localizada no litoral de Marapanim onde é feita a travessia para Algodoal.

Antes de chegar ao porto, vale uma segunda parada para conhecer a orla de Marudá, onde estão localizados diversos bares e restaurantes com vista privilegiada para a ilha de Algodoal. Mas convêm não se deter muito com a paisagem sob risco de perder o barco que sai de hora em hora durante o mês de julho. As passagens são vendidas no local de embarque.

Quem for de carro, tem a opção de deixá-lo em um dos estacionamentos privativos situados próximo ao porto. No trapiche, dezenas de barcos enfileirados - pintados e batizados conforme a tradição ribeirinha - aguardam pelos passageiros.

A travessia dura aproximadamente 30 minutos, dependendo da maré. As embarcações têm capacidade para transportar, em média, 40 pessoas. Elielson Teixeira, o “My Life”, nativo de Algodoal e proprietário de uma delas, conhece bem essa rotina. Da lateral da cabine, ele indica ao piloto os locais de manobra enquanto aprecia o vento que vem do mar.

“Isso aqui é a minha vida. Nasci aqui e vivo dessa embarcação e das aulas de kitesurf. Aprendi esse esporte sozinho e hoje mantenho a prática por diversão e também ensino para alguns visitantes. Vivo do mar desde criança, quando ajudava meu pai nas embarcações. Riqueza para nós é isso aqui. Não nos falta nada, pois tudo que a gente precisa a ilha nos dá”, diz ele, apontando para a direta, de onde já se avista o porto de Algodoal.

O local é parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Ilha de Algodoal/Maiandeua, que consiste em uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, instituída pela Lei Estadual n°. 5.621/90, de 27 de novembro de 1990, e gerenciada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio).

Maiandeua é a ilha que fica no outro extremo do território da APA, dividido pelo extenso igarapé do furo. O local é mais rústico, com belas praias e ocupado apenas por vilarejos de pescadores.

No porto, carroças e carregadores aguardam os turistas. Graças à legislação que protege a ilha, não são permitidos veículos motorizados. Esta é uma das várias medias que visam diminuir os impactos da ocupação humana na região. As carroças são uma boa opção para quem não gosta de caminhar, mas o mesmo trajeto também pode ser feito a pé.

Carroças trilham a faixa de areia de Algodoal (Foto: Agência Pará)

Carroças trilham a faixa de areia de Algodoal (Foto: Agência Pará)

Carroças trilham a faixa de areia de Algodoal (Foto: Agência Pará)

Para chegar à primeira praia basta caminhar seguindo o fluxo de pessoas e carroças pela extensa faixa de areia ou por dentro da vila de Algodoal. Entre casas antigas e construções recentes é possível encontrar diversas opções de pousadas até a proximidade do canal que divide a vila da praia.

Quem optar por seguir por dentro da vila encontrará no final do trecho um lendário cajueiro de 115 anos. Plantado pelos primeiros moradores da ilha, ele foi apelidado de “cajueiro do pecado”. Diziam que quando um pecador passava por baixo dos frondosos galhos, ele cedia para lado fechando ainda mais o caminho. Verdade ou não, o fato é que a árvore não suportou o peso do tempo - ou dos pecados, como reza a lenda – e cedeu ao chão, bloqueando os últimos 10 metros para as carroças e obrigando os turistas a um breve desvio.

Quem apenas quer seguir para a praia pode atravessar o canal em uma das canoas que ficam a disposição dos visitantes e comportam até seis pessoas. A travessia é paga. Apesar de estreito, não é aconselhável atravessar o canal a nado, onde a correnteza é forte por influência do mar.

PRAIA EM ALGODOAL – foto de Ilha de Algodoal - Tripadvisor

PRAIA EM ALGODOAL – foto de Ilha de Algodoal - Tripadvisor

Alternativa
Aos que preferem explorar a riqueza natural de Algodoal, a dica é o lago da Princesa, que pode ser acessado por meio de uma das trilhas da mata. O Ideflor-Bio em parceria com a associação de barqueiros locais, gerencia uma delas, que começa no mesmo canal de travessia da praia. Mas em vez de atravessar, o visitante segue em uma canoa a remo por 25 minutos rio adentro. Com a maré vazante a paisagem revela toda a biodiversidade do mangue, com caranguejos, peixes e pássaros em abundância.

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Lago da Princesa, de águas escuras (Foto: Agência Pará)

Lago da Princesa, de águas escuras (Foto: Agência Pará)

Lago da Princesa, de águas escuras (Foto: Agência Pará)

Este passeio é uma oportunidade para que o turista perceba a importância de preservar o ambiente natural da ilha. O que nós temos para oferecer na APA de Algodoal é esse cenário, que ainda resguarda as belezas intocadas do lugar. Explicamos sempre que o visitante está entrando em uma área preservada e importante para a sobrevivência de diversas espécies. E todos nós temos um papel importante na manutenção desse bioma”, explica Luiz Antônio Coltro, biólogo do Ideflor-Bio e administrador da APA.

Ele reforça o trabalho que é feito junto ao turista na ilha no sentido de manter o local preservado. “Pedimos sempre ao visitante que quer viver essa experiência para que não deixe nada na ilha a não ser suas pegadas, para que não leve nada a não ser as recordações ou produtos locais, para que não tire nada a não ser as fotos. Isso se estende também aos moradores, pois esta é a melhor forma de viver em equilíbrio com o ecossistema”, orienta o biólogo, que também é morador da ilha.

Algodoal faz parte da maior área de mangue contínua do Brasil, que começa no Maranhão e se estende até o Amapá. No local foram catalogadas 170 espécies de aves, como guarás e garças. Entre os maçaricos existem 14 espécies que vem do Canadá fugindo do frio para se aquecer na costa paraense. E claro, as cinco espécies de tartarugas marinhas brasileiras que também utilizam as praias como berçário.

A trilha passa por paisagens de mangue, restinga, corredores de floresta, campos de caju e de ajiru – fruta típica do litoral paraense – além diversas dunas. Paisagens percebidas não apenas pelos olhos, que resultam de uma experiência sensorial que vai do pisar a areia, sentindo a terra, as folhas, a água e a lama, passando pelo paladar despertado pelo gosto do ajiru colhido no caminho até o olfato estimulado pelo cheiro da mata e da terra molhada.

É possível ver todos os ambientes que compõem a APA em aproximadamente 30 minutos de caminhada. A única condição para isso é um bom condicionamento físico. A recompensa ao final da trilha é o Lago da Princesa. Formado apenas pelas águas das chuvas acumuladas entre as dunas, ele se revela como um verdadeiro oásis de águas escuras, quase vermelhas, resultado da decomposição natural da vegetação próxima.

O banho renova e encoraja o visitante, como Dona Maria de Lourdes, 67 anos, que acompanhada das amigas Maria Celestina (65), Jurema Matias (64), da afilhada Carla Caroline (9) e mais três crianças, garantiram um passeio pra lá de divertido. “Moro em Belém e venho aqui desde 1968, quando não havia energia elétrica e nenhuma estrutura. Nós trazíamos mantimentos para trocar com os moradores locais por um bom peixe feito na hora ou um local para ficar. Gosto muito daqui e hoje trago minhas amigas e afilhados para aproveitar o lago e a praia nos dias mais tranquilos”, conta Maria de Lourdes.

Para conservar o lago é necessário proteger e educar. Como é formado apenas pela água das chuvas, o lixo doméstico ou qualquer outro material ali depositado pode oferecer risco de contaminação. Por isso, Valdecir Melo dos Reis, que possui o único bar à beira do lago, há 20 anos ajuda a orientar os turistas e moradores juntamente com o Ideflor-Bio.

“Trabalho aqui todos os dias vendendo o peixe da nossa região, que é feito na hora, mas eu também ajudo na conservação do lago. Esse é o nosso patrimônio e não podemos perdê-lo. Não permitimos que joguem lixo na água ou na areia e nem que tragam animais para se banhar aqui. Dessa forma com seguimos manter o lago do jeito que todos gostam de ver”, diz.

Água doce
Depois de curtir a água do mar, a dica é um bom banho de igarapé para “tirar o sal” do corpo. E algumas opções podem ser encontradas na própria rota de acesso ao município. Próximo ao porto de Marudá está o balneário Cacimba. No terreno existe uma piscina verde azulada natural, coberta pela sombra das árvores, formada pelas águas que passam por um córrego de rio que sofre a influência do mar. O resultado é uma água gelada, refrescante e levemente salgada nos dias de maré cheia. O local é um dos mais procurados por quem chega de Algodoal ou da praia de Marudá.

Já no quilômetro 27 da PA-318, estrada que dá acesso à praia do Crispim, é possível entrar na vicinal do Araticum Mirim. Os seis quilômetros da pista foram asfaltados e sinalizados recentemente pelo governo do Estado e dão acesso a vários balneários de água doce. Um deles é o Maringá, que tem uma das águas mais geladas e doces do trecho. A entrada fica a menos de um quilômetro do início da vicinal.

Serviços:
Travessia para Algodoal
Passagem: As embarcações e passagens são fiscalizadas pela Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Pará (Arcon). O custo atual é de R$ 8,50. A travessia de barco é feita de 7h às 17h. Depois das 17h, os barcos saem conforme a quantidade de passageiros. Já a travessia do canal para a praia custa R$ 2,00 por pessoa.

Igarapés: Por se tratar de balneários particulares é cobrada entrada nesses. No igarapé da Cacimba o acesso sai a R$ 2,00 por pessoa e no Maringá a R$ 5,00. Ambos tem estrutura de restaurantes e vagas para estacionamento.

Onde ficar em Algodoal:
Existem pousadas e hotéis com os mais variados preços, alguns com comunicação via internet. Uma boa dica é visitar a ilha para verificar in loco as pequenas casas e pousadas que alugam quartos ou mesmo terrenos onde se pode acampar. A maioria destes estabelecimentos não possui contato telefônico, pois algumas partes da ilha não são cobertas por rede de telefonia. Os melhores preços são encontrados durante a semana, quando o movimento é menor.

Custo do passeio trilha para o Lado da Princesa: R$ 20 por pessoa.

Informações sobre as trilhas e o roteiro ecológico podem ser consultadas na sede do Iderflor-Bio em Algodoal, no centro da vila. O instituto é o gestor da APA Algodoal /Maiandeua. Contato: (91) 98230-3381.


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