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17/04/2023 às 08h16min - Atualizada em 17/04/2023 às 08h16min

Os olhos dos países se voltam ao Pará

Estado tem potencial de exportação crescente com o crescimento de culturas e criações, além do investimento em tecnologias e logísticas. Entre 2021 e 2022, a alta foi de 69% da produção exportada.

Agência Pará
 

O agronegócio paraense fechou o ano de 2022 com um Valor de Exportação de US$ 3,27 bilhões, um crescimento de quase 70% em relação ao ano anterior. Os dados levantados a partir de informações oficiais do Portal AGROSTAT – Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro, mantido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apontam não apenas o bom desempenho que os produtos do agronegócio do Estado do Pará já vêm apresentando, como também um enorme potencial ainda a ser explorado.

No período de apenas um ano, o agronegócio do Estado do Pará conseguiu saltar de um valor de exportação de US$ 1,93 bilhão em 2021, para os US$ 3,27 bilhões registrados em 2022, que representam 2,06% da Exportação Agro Nacional e 15,23% do Valor Global Exportado do Estado do Pará. Puxando esse volume, o Complexo da Soja se apresentou, mais uma vez, como o principal produto da pauta de exportação do Estado, com valor de exportação de US$ 1,38 bilhões, o equivalente a 42,32% do total Agro do Estado, e com crescimento de 82% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Para além da soja, o secretário de estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Giovanni Queiroz, destaca que o Pará também apresenta um bom desempenho na exportação do agronegócio em outras culturas, com potencial para crescimento nos próximos anos. “Nós somos, sem dúvida nenhuma, um grande estado exportador do Brasil e temos a esperança de que nós venhamos a avançar ainda mais porque nós crescemos sensivelmente no agro na produção de grãos; na pecuária nós somos o segundo maior rebanho, caminhando para ganhar essa primeira classificação no futuro próximo, e com muitas culturas sendo produzidas como a produção de cítricos, da Castanha-do-Pará, do açaí e do cacau fino, que já são exportados”, considera, ao destacar os indicadores registrados pelo Portal Agrostat. “Veja que nós demos um salto de 69,29% de 2021 para 2022. Então, são os dados oficiais que nos colocam neste patamar”.

Pará se torna potência nacional em produção de cacau

Especificamente no caso do açaí, que já é exportado pelo Pará, o secretário destaca que a intenção do Governo do Estado é viabilizar meios de aumentar a produção para que a cultura possa crescer não apenas no mercado interno, como também na exportação, que melhor remunera o produtor. “O governador do Estado tem dado a nós, do setor produtivo, a responsabilidade de implementarmos ações efetivas para melhorar ainda mais esse desempenho, capacitando, preparando, financiando e, com isso, sem dúvida nenhuma, nós vamos ter uma alavanca formidável para o desenvolvimento do Pará, particularmente, e do Brasil”, avalia. “Nós temos vários projetos sustentáveis para aumentarmos a produção, seja em sistema agroflorestal, como já temos com o cacau e o açaí, nós teremos o plantio direto de grãos, e assim nós estamos caminhando, nos adequando às novas tecnologias e técnicas de sequestro de carbono, e espero que estejamos nos destacando nesse cenário internacional”.

Em se tratando de projetos voltados para a pauta exportadora e que apontam para um melhor aproveitamento do potencial do agro paraense, outro que também já está em andamento é o Agro.BR, desenvolvido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

Presente em todos os estados brasileiros através de seus escritórios regionais, o projeto assume a missão de ampliar a pauta exportadora brasileira através do trabalho desenvolvido junto a empreendedores rurais que estejam interessados em seguir o caminho da exportação, independente da etapa em que se encontrem. Representante da CNA no estado e consultora Agro.BR no escritório estadual do Pará, Giselle Amaral aponta que é possível identificar algumas cadeias potenciais no Estado do Pará para a exportação. “O nosso objetivo é trabalhar pequenos e médios produtores rurais, de várias cadeias produtivas, e no Estado do Pará, nós temos algumas cadeias que enxergamos como cadeias potenciais para a exportação como, por exemplo, a fruticultura e derivados de uma maneira geral”.

Ainda que considere que todas as regiões do Estado do Pará apresentam cadeias com potencial para a exportação, Giselle destaca as culturas do abacaxi, do açaí, de cítricos e do cacau, dentro da fruticultura, e ainda o mel e o leite. “São as cadeias que existe um grande potencial para a exportação, que merecem ser exploradas, merecem ser trabalhadas e nós da CNA, através do Agro BR, temos buscado muito dar esse suporte para o produtor rural, seja ele pessoa física ou jurídica, para que a gente possa conduzi-los num processo seguro e adequado de exportação”.

Sistema integrado une eficiência e ganhos

Entre as ações desenvolvidas por esse trabalho junto aos produtores estão as de promoção comercial, ações de consultoria especializada técnica, missões e rodadas de negócios internacionais. “A gente faz um atendimento personalizado, fazemos um diagnóstico e, a partir disso, a gente conduz esse produtor dentro do processo de exportação, seja disseminando a cultura exportadora, seja levando esses produtores para participar de ações de promoção comercial”.

Giselle explica que os diagnósticos realizados durante os atendimentos são personalizados, considerando a realidade e as demandas apresentadas por cada produtor, ainda assim, é possível considerar os principais desafios que precisam ser enfrentados para que a pauta exportadora possa ser fortalecida no Estado. “Eu posso destacar alguns pontos nevrálgicos e que têm que ser observados nesse processo que são basicamente quatro: a quantidade, a frequência, o prazo e o preço. Isso alinhado com a conscientização da importância da organização desses produtores em cooperativas, para que elas possam garantir a eles esses quatro pontos”, avalia. “A exportação precisa desse trabalho anterior de desenvolvimento da da conscientização da coletividade. Trabalhar em cooperativas é um grande passo, um fator que contribui para elevar e facilitar esse produtor no caminho da exportação e as federações da agricultura nos dão apoio nesse sentido. A Faepa, por exemplo, já possui um trabalho em todas as regiões do Estado que vem tratando de toda a parte anterior e muito necessária para a exportação, então, nesse sentido, nós caminhamos juntos”.

PECUÁRIA

Se na fruticultura o potencial da produção desenvolvida no Estado pode levar ao aumento das exportações dos produtos do agronegócio paraense, com os produtos de origem animal não é diferente, com grande destaque para a carne bovina. O diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) e consultor da Revista Agropará, Guilherme Minssen, destaca que o leque de produção do Estado é muito grande e, dentro da zootecnia paraense, destacam-se a bubalinocultura, a bovinocultura, a apicultura e a piscicultura. “Esses são os nossos produtos animais mais exportados e que têm um mercado muito grande, ainda, para crescer”.

Dentro da bovinocultura, o zootecnista aponta que é preciso separar a produção para corte e a produção leiteira e de derivados, que também se destacam. “Começando por carnes, nós temos hoje o segundo maior rebanho do Brasil e nós só consumimos 30% do que a gente produz, ou seja, 70% nós temos que enviar para fora do Pará, tanto para o mercado interno brasileiro, quanto para o mercado externo”, contextualiza. “E nós temos hoje uma carne de melhor qualidade possível, assim como temos as carnes mais baratas do mercado brasileiro. Então, a carne é um dos produtos que nós exportamos muito por essas condições. A nossa carne é de boi verde, a capim, uma carne de excelente qualidade e nós temos grandes plantas frigoríficas aqui”.

Outra cultura de produção animal que merece destaque na pauta exportadora, segundo Guilherme Minssen, é a piscicultura. “A piscicultura do Pará, hoje, sustenta grande parte do Nordeste, uma boa parte da nossa produção também é enviada para o mercado de São Paulo e outra parte já é exportada. Sendo que nós temos alguns cases extraordinários. Se você vai em Fortaleza hoje e come alguma lagosta lá, você está comendo uma lagosta aqui da costa do Marajó, no máximo até o Amapá”, considera. “Então, falando da aquicultura em geral, somos grandes produtores de camarões, principalmente na região de Curuçá, e na piscicultura eu destaco o Pirarucu, principalmente no município de Chaves, que está produzindo em larga escala não só o peixe, mas também alevinos para criação”. Giovanni Queiroz, titular da Sedap

Nós somos, sem dúvida nenhuma, um grande estado exportador do Brasil e temos a esperança de que nós venhamos a avançar ainda mais porque nós crescemos sensivelmente no agro na produção de grãos” Giovanni Queiroz, secretário de Agricultura do Estado

O nosso objetivo é trabalhar pequenos e médios produtores rurais, de várias cadeias produtivas, e no Estado do Pará, nós temos algumas cadeias que enxergamos como cadeias potenciais para a exportação” Giselle Amaral, consultora agro

Nós temos hoje uma carne de melhor qualidade possível, assim como temos as carnes mais baratas do mercado brasileiro. Então, a carne é um dos produtos que nós exportamos muito por essas condições” Guilherme Minssen, diretor da faepa


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