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19/02/2022 às 12h47min - Atualizada em 19/02/2022 às 12h47min

Bolsonarista ex-candidato a prefeito é indiciado pela Polícia por forjar ataque a tiros no Pará

Júlio César, do PRTB, foi atingido no peito durante campanha pela prefeitura de Parauapebas. Ele foi indiciado junto ao empresário, motorista e secretária dele, e se tornou alvo de ação que tramita no MPPA.

g1 Pará

O ex-candidato a prefeito de Parauapebas, no sudeste do Pará, Júlio César Araújo Oliveira (PRTB), foi indiciado por comunicação falsa de crime pela Polícia Civil (PC).

Declaradamente 'bolsonarista', ele foi baleado no peito nas eleições de 2020, mas a coligação "Parauapebas da Prosperidade" entrou com uma ação apontando indícios de que o atentado teria sido "estratégica política".

A PC informou, nesta sexta-feira (18), que o então candidato e outras três pessoas - empresário, motorista e secretária dele - foram indiciados na investigação do caso, cujo inquérito foi encerrado.

O relatório da Delegacia de Homicídios Metropolitana assinado pelo delegado João Batista Amorim data de 18 de março de 2021.

O inquérito foi, então, juntado nesta terça-feira (17) à Ação de Investigação Judicial Eleitoral que ainda tramita em primeiro grau, na 106ª Zona Eleitoral de Parauapebas. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Pará, o processo está em fase de instrução.

g1 também procurou o Ministério Público do Pará (MPPA), o PRTB Pará e a defesa dos outros três indiciados, mas ainda não havia obtido retorno.

Nas eleições de 2020, Júlio César foi o segundo mais votado para a prefeitura de Parapebas com 20,48% (24.267 votos).

cargo foi ocupado por Daci Lermen, do MDB, que ganhou com 48,42% dos votos (57.384 no total).

 

Entenda o caso

 

Júlio Cesar de 32 anos é candidato a prefeitura de Parauapebas pelo PRTB. — Foto: Reprodução/Ascom PRTB

Júlio Cesar de 32 anos é candidato a prefeitura de Parauapebas pelo PRTB. — Foto: Reprodução/Ascom PRTB

Júlio Cesar de 32 anos é candidato a prefeitura de Parauapebas pelo PRTB. — Foto: Reprodução/Ascom PRTB

O então candidato a prefeito de Parauapebas, Júlio César, foi baleado no peito na noite do dia 14 de outubro de 2020, na zona rural da cidade. Ele deixou o hospital dois dias depois.

Testemunhas disseram à Polícia que o carro dele havia sido interceptado, quando voltava de reunião na vila de Carimã. Segundo os relatos iniciais, uma caminhonete teria se aproximado do carro do candidato e feito os primeiros disparos. No veículo estavam três pessoas.

Ainda na estrada vicinal um terceiro veículo estava atravessado na pista. As vítimas escaparam do bloqueio e tentaram fugir, mas continuaram sendo perseguidas pela caminhonete. Júlio César, que estava no banco do carona, foi atingido no peito por um dos disparos. Os demais ocupantes ficaram feridos.

Em nota divulgada à época do caso, o PRTB disse que o candidato de 32 anos foi "vítima de um atentado".

MP Eleitoral pediu investigação sobre atentados contra candidatos no Pará, entre o caso de Júlio César.

Na apuração pela Polícia Civil do Pará, a perícia chegou a realizar a simulação ainda em outubro daquele ano. O delegado-geral Walter Resende acompanhou. Foram feitas duas perícias - a simulação do veículo que o candidato estava e a reprodução simulada do fato no local e horário indicado nos depoimentos.

No dia 12 de novembro de 2020, a Polícia Civil apontou que havia divergências entre depoimentos e laudo pericial. O resultado, então, mudou a condução das investigações porque apontava que a dinâmica da ocorrência seria diferente dos fatos narrados pela vítima e testemunhas.

À época, a análise dos peritos criminais apontou duas possibilidades para o caso. Em uma, o veículo poderia estar parado ao ser atingido, dentro dessa possibilidade, facilitaria a ação dos atiradores. Na outra, o carro em que estavam os ocupantes poderia estar em movimento, mas no máximo a 9 km/h e não em alta velocidade.

 

Confira, na íntegra, a nota da defesa

 

"Em relação ao divulgado em blogs de baixa reputação e equivocadamente em alguns veículos sérios de imprensa, sobre o indiciamento do Sr. Julio Cesar Araújo Oliveira no caso do atentado sofrido pelo mesmo em 14/11/2020, a representação Jurídica do Acusado vem esclarecer que:

1. O referido indiciamento não é, necessariamente, um fato novo. O relatório conclusivo do inquérito policial nº 00071/2020.100965-0 é datado de 18/03/2021, ou seja, o “fato novo” tem 11 meses, ele está sendo, oportunamente, requentado;

2. O que temos de fato novo é a juntada do inquérito nos autos do processo 601011-91.2020.6.14.0106. Neste processo, a Justiça Eleitoral requereu inicialmente a cópia do processo no dia 15/12/2020, sendo atendida apenas na data de ontem 17/02/2022.

3. A juntada somente se deu após o pedido de prisão do Delegado da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Pará, Sr. João Batista Amorim, feito por esta representação à Justiça do Pará em 23/01/2022 por prevaricar em não apresentar em Juízo a cópia integral do inquérito como havia sido determinado. O pedido de prisão foi inicialmente negado, contudo foi expedida ordem à Divisão de Homicídios para que apresentasse a cópia do inquérito no prazo de 10 dias úteis, sob pena do enquadramento do Sr. Delegado no crime de desobediência.

4. O referido inquérito possui graves vícios, incluindo conduta dolosa de peritos e agentes da Polícia Civil, que serão detalhados oportunamente na Justiça.

5. A manipulação dos fatos do inquérito, como resta comprovada nos autos supracitados, fazem parte de uma orquestração ardilosa da Organização Criminosa que ocupa a cúpula do poder executivo em Parauapebas, chefiada pelo Sr. Darci José Lermen, com ramificações no poder legislativo do Município e do Estado, com participação em alguns órgãos, entre eles a Polícia Civil e o Centro de Perícias Criminais Renato Chaves.

6. Na fase do contraditório, durante a ação penal, da qual o Sr. Julio Cesar aguarda, ansiosamente, a oportunidade de se defender, serão apresentados novos elementos comprometedores em relação à atuação destes agentes que desonram o nome das instituições que representam.

7. A apresentação deste relatório, neste momento, tem 3 objetivos:
7.1. Denegrir a imagem do Sr. Julio Cesar;
7.2. Dissuadir a real autoria do atentado contra a vida dos 4 ocupantes do veículo;
7.3. Lançar uma cortina de fumaça sobre o principal fato político do Estado do Pará que é a IMINENTE CASSAÇÃO DO MANDATO DO PREFEITO DARCI JOSÉ LERMEN e de seu vice, João do Verdurão, na representação eleitoral movida pelo 
PRTB municipal, presidido pelo Sr. Julio Cesar, cuja audiência de instrução e julgamento está prevista para a próxima segunda-feira, dia 21/02/2022.

O Sr. Julio Cesar manifesta a sua confiança e pede ao povo de Parauapebas e de todo o Estado do Pará que também confie em suas instituições, principalmente, na CORREGEDORIA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO PARÁ, ONDE REPRESENTAREMOS CONTRA TODOS OS ENVOLVIDOS, bem como, entraremos com um habeas corpus na Justiça para fazer cessar esse gritante, aviltante e despeitoso indiciamento."


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