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17/05/2017 às 09h44min - Atualizada em 17/05/2017 às 09h44min

Em tempos de crise, a gente chora ou vende lenços?

Em meio as tormentas de uma crise econômica, qual o melhor caminho a seguir?

Kleysykennyson Carneiro - Jornal In Foco
REPRODUÇÃO
O país encontra-se em uma tormenta política, moral e econômica de uma profundidade imensa. Em tempos assim, falar de crise se torna algo inevitável. Políticos, empresários e membros da alta sociedade investigados e presos, presidentes, da câmara e da república, cassados e mais de 13 milhões de brasileiros desempregados são elementos que transformam o momento atual em um retrato do retrocesso econômico e também social.
 
Em Canaã dos Carajás, município que abriga o maior projeto de minério de ferro da história da Vale, esse período de caos econômico chegou com bastante força no final de 2016 e início de 2017. Com o início do funcionamento do projeto, milhares de empregados das terceirizadas da Vale ficaram sem os seus empregos e trouxeram negatividade às estatísticas da cidade. Os efeitos dessa violenta desmobilização de pessoal são visíveis em território canaense: a violência, a fome, a debandada de moradores para regiões ou estados vizinhos, a desvalorização imobiliária.
 
No entanto, algo que surge com força em momentos de crise é o empreendedorismo da população. Há pessoas que seguem na contramão dos efeitos negativos do desemprego e mostram resiliência em tempos assim. São pessoas que escolheram Canaã para morar e investir, possuem residência própria e não têm o menor interesse em deixar a cidade para trás mesmo na atual situação.
 
Maurício Motta trabalhou alguns anos no setor de almoxarifado de uma grande empresa terceirizada da Vale. Ao fim do contrato, ele se viu desempregado e as oportunidades no mercado de trabalho tornaram-se escassas. Foi quando ele se viu obrigado a se adaptar a uma nova realidade. Por conta disso, fundou a Mix Delivery, junto com a esposa Jéssica e a cunhada Juliana. A ideia era aproveitar os dotes culinários das irmãs e conquistar o paladar dos clientes. Não demorou muito para que as tortas salgadas, as panquecas e os bolos de pote do empreendimento conquistassem adeptos. O negócio deu tão certo que cresceu bastante e virou febre gastronômica nas tardes da cidade.
 
Maurício nos conta que possui planos de crescimento do empreendimento. “Desejo me tornar referência em comidas delivery no município, até mesmo ter um ponto comercial e fazer um verdadeiro ‘Mix’ de comida e barzinho e assim receber os clientes” conclui. Ele nos conta também que acredita que ainda tem muito espaço para avançar no mercado: “Podemos dizer que estamos em apenas 10%, temos 90% para evoluir!”
 
Com Weslley e Raquezia não foi muito diferente. Weslley trabalhava como vigilante em uma grande empresa varejista da região até ela fechar as portas e obriga-lo a fazer uma escolha: voltar para a zona rural de Novo Repartimento ou buscar novas oportunidades aqui na terra prometida. Junto com a esposa, Weslley escolheu a segunda opção e fundou a Sallas. A empresa entrega marmitas para toda a cidade e possui uma enorme clientela. Ele é responsável pelas entregas e ela por fazer os deliciosos e variados pratos oferecidos, tais como bisteca, frango frito e cozido, peixe, bife, além de arroz, feijão, farofa, macarrão...
 
Segundo eles, a ideia surgiu no meio da crise: “não conseguimos trabalho, então Deus nos deu essa ideia e deu certo”. Weslley diz também que o negócio é uma excelente alternativa para fugir da crise e que pensa em investir até mesmo em um novo negócio. “Penso em montar um supermercado”.
 
Saindo do ramo alimentício, conversamos também com Sanda Sherlly, de 29 anos. Ela que é empresária de uma conhecida marca de cosméticos.  A empreendedora é uma das vítimas dos efeitos negativos da desmobilização das terceirizadas da Vale, pois trabalhava como diarista e viu o volume de ofertas de trabalho ser reduzido com o período ruim. Foi quando enxergou no Network Marketing a chance de uma mudança de vida. Decidiu investir na Amway e aliou um talento nato paras as vendas com a determinação de quem sabe que é preciso lutar na vida para se vencer. Com essa fibra, Sanda conquistou uma boa carteira de clientes e consegue, aos poucos, vencer a crise e aumentar a sua rede.  Quando perguntada se ela acha que existe a possibilidade de crescer no negócio, ela responde: “O mercado está delicado, devido ao poder de compra do brasileiro ter diminuído, no entanto há muitas pessoas que crescem em meio à crise e eu quero ser uma delas.”
 
Enxergar a possibilidade de crescer no meio da crise é pensar a frente, de olhos bem abertos para o futuro. Pessoas como o Maurício, como o Weslley e a Sanda possuem a capacidade de seguir adiante mesmo em meio às dificuldades. O exemplo dos 3, e de suas famílias, nos levam a crer que existe um horizonte, uma saída para os nosso problemas e só precisamos mesmo estancar o nosso pranto e vender lenços para aqueles que ainda choram.
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