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07/11/2023 às 11h15min - Atualizada em 07/11/2023 às 11h15min

Justiça Federal proíbe prefeito de São Félix do Xingu de tentar impedir retirada de invasores de terra indígena no PA

João Cléber de Souza é acusado de propagar notícias falsas contra a operação de desintrusão na Terra Indígena Apyterewa, a mais desmatada do Brasil.

g1

Acusado de propagar fake news, João Cléber de Souza (MDB), prefeito de São Félix do Xingu, foi proibido pela Justiça Federal de tentar impedir ou dificultar a retirada de intrusos da Terra Indígena (TI) Apyterewa, no sudeste do Pará. A área indígena é a mais desmatada do Brasil.

A medida foi um pedido do Ministério Público Federal (MPF), apontando que o gestor "tem atuado contra a operação, realizada em cumprimento a sentença judicial", segundo o órgão. O g1 solicitou nota de posicionamento da prefeitura, mas ainda aguardava resposta até publicação da reportagem.

O juiz federal Cláudio Cezar Cavalcantes entendeu que “está patente” que o prefeito está atuando para impedir ou dificultar o procedimento de desintrusão da área indígena.

“Ao veicular fake news, João Cléber de Souza demonstra desprezo pelas decisões judiciais e apresenta comportamento violador da boa-fé, padrão de conduta ética que se exige de todo gestor”, cita a decisão.

 

A Justiça estabeleceu a aplicação das seguintes medidas ao gestor municipal e a qualquer outro servidor de São Félix do Xingu:

 

  • multa de R$ 100 mil a cada vídeo que vier a publicar com conteúdo contrário à operação de desintrusãoou que incentive a população a resistir à operação ou que demonstre estar buscando meios para cessar a operação;
  • proibição de adentrar à TI Apyterewa durante a execução do plano de desintrusão, sob pena de multa de R$ 100 mil; e
  • proibição de realizar reunião, seja em qualquer lugar, com a população ou lideranças locais com o objetivo de discutir a legalidade da operação ou resistir à sua execução, sob pena de multa de R$ 100 mil para cada reunião.

 

A decisão também estabeleceu que as determinações não impedem a análise posterior do pedido do MPF de afastamento do prefeito do cargo, caso João Cléber de Souza viole as medidas determinadas pela Justiça Federal ou adote outro comportamento para impedir a desintrusão da TI.

Notícias falsas

 

João Cleber de Souza é alvo do MPF por disseminar vídeos como um publicado em 17 de outubro no perfil da Prefeitura de São Felix do Xingu e no perfil do próprio prefeito. No vídeo, o gestor afirma que entrou em contato com o governador e com o presidente e, após isso, a desintrusão da TI havia sido suspensa.

Ele também afirma no vídeo que ”as pessoas não indígenas que hoje ocupam a área somente sairão do local após recebimento de indenização”.

Na verdade, não havia qualquer suspensão da desintrusão, diz o órgão.

Segundo o Ministério, o prefeito "incita a população contra a operação e gera risco à segurança da população envolvida e, consequentemente, pondo em risco a própria conclusão da desintrusão”.

Terras sob ameaça

 

A TI Apyterewa teve o maior desmatamento do país por 4 anos consecutivos e perdeu área maior do que Fortaleza. Imagens de satélite mostram a devastação entre 2020 e 2022 e foram expostas em estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

A área de preservação indígena foi homologada por decreto em 2007, reservando 773 mil hectares ao povo Parakanã. O território fica dentro do município de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará.

Imagens de satélite mostram destruição de floresta entre 2020 e 2022 dentro da Terra Indígena Apyterewa no Pará. — Foto: Reprodução / Imazon

O governo federal informou que a "presença de estranhos no território indígena ameaça a integridade dos indígenas e causa outros danos como a destruição das florestas". A TI Apyterewa está no topo da lista de desmatamento entre as áreas reservada a indígenas no Brasil.

As apurações de órgãos como o Ministério Público Federal (MPF) apontam que algumas dessas famílias estão envolvidas em atividades ilegais, como criação de gado e garimpo, além de destruição da vegetação nativa.

Na operação ocorrida no Alto Rio Guamá, equipes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Força Nacional devem seguir na região após a conclusão da desintrusão, na etapa de consolidação, aplicando medidas para impedir o retorno de invasores.

Além de Secretaria Geral, Ministério dos Povos Indígenas, Funai e Força Nacional, também participam da operação Incra, Ibama, Abin, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Comando Militar do Norte, Ministério do Trabalho e Emprego e Secom.


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