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20/12/2019 às 17h01min - Atualizada em 21/12/2019 às 17h03min

​Rio 'é o estado mais corrupto do Brasil', e MP não apura atos de corrupção, diz Bolsonaro

Presidente deu a declaração ao ser questionado sobre operação que teve ex-assessores de Flávio Bolsonaro entre os alvos. Bolsonaro também fez críticas ao governador Wilson Witzel.

G1
Foto: Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira (20) que o Rio de Janeiro é o estado mais corrupto do país e que o Ministério Público não age para investigar servidores e políticos envolvidos em corrupção.
 
Bolsonaro deu a declaração ao ser questionado, na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada, sobre a operação, deflagrada na quarta-feira (18), que teve entre alvos de mandados de busca e apreensão ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), um dos filhos do presidente.
 
A operação apura supostas "rachadinhas", termo que designa a prática de servidores públicos de um gabinete darem parte do salário para a autoridade política que os contrata. As investigações se referem ao período em que Flávio foi deputado estadual no Rio.
 
Ao defender o filho, Bolsonaro fez críticas ao Ministério Público. Além de jornalistas, ele se dirigiu a apoiadores que esperam o presidente todas as manhãs na saída do palácio.
 
“Você já viu o MP do Estado do Rio de Janeiro investigar qualquer pessoa, qualquer ato de corrupção, qualquer deslize, qualquer agente público do Estado? Olha que o estado mais corrupto do Brasil é o Rio de Janeiro. Já viram ou não? Nunca viram, né”, afirmou o presidente.
 
Bolsonaro, a exemplo do que fez em declarações recentes, repetiu insinuações de que vem sendo vítima de perseguição do governador do Rio, Wilson Witzel. Na visão de Bolsonaro, o governador tem a intenção de ser presidente da República.
 
“O governador quer ser presidente. É direito dele ser presidente, mas não desse jogo sujo que está aí. O Brasil está dando certo. Investiguem o que bem entender, mas não dessa forma”, afirmou.
 
A assessoria de imprensa do Governo do Rio de Janeiro informou que Witzel não vai se posicionar sobre as declarações. Em agenda pública nesta sexta, o governador não deu entrevistas.
 
O G1 procurou o Ministério Público do Rio e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.
 
Bolsonaro também atacou a TV Globo. Ele disse que teve informações de que a emissora colocaria no ar diálogos entre "bandidos" citando o nome do presidente.
 
"Tinham acertado, não posso provar, não posso comprovar. Levantamos, corri atrás, sistema de informações, gente que eu conheço também. Estavam acertados diálogos entre bandido no Rio de Janeiro citando o meu nome. Ele vinha aqui buscar dinheiro, agora não vem mais. Esses são os diálogos, que iam ser colocados na Globo à noite, com exclusividade. Como é que eu ia me justificar? Conseguimos descobrir isso aí", afirmou Bolsonaro.
 
Bolsonaro disse ainda que o procurador-geral do Rio, Eduardo Gussem, passou informações sigilosas das investigações sobre Flávio para o "chefe da reportagem da Globo".
 
"TV Globo [tem] linha direta com o Ministério Público do Rio de Janeiro. Tem uma fotografia do senhor [Eduardo] Gussem, do MP do Rio, conversando com o chefe da equipe de reportagem da Globo. E depois ele falou, porque teve testemunhas, que estava tratando do caso Flávio", disse o presidente.
 
Nota da TV Globo

Sobre as declarações do Presidente Jair Bolsonaro sobre a Globo, a emissora divulgou a seguinte nota:
 
Diferentemente do que afirma o presidente Jair Bolsonaro, a Globo não teve acesso a diálogos de bandido citando o seu nome. O mesmo boato foi divulgado na semana passada por apoiadores do presidente e replicado por seu filho Carlos Bolsonaro em uma rede social. Desde então, a Globo tenta confirmar a existência desses áudios, sem sucesso. Como o presidente hoje diz que essa informação foi levada a ele por serviços de informação e por pessoas que ele conhece, a Globo continuará a tentar confirmar se tais diálogos de fato existem.
 
A Globo se orgulha de dar notícias em primeira mão, mas, infelizmente, não foi esse o caso na divulgação do relatório do MP sobre as investigações sobre o senador Flavio Bolsonaro. O relatório foi divulgado por diversos órgãos de imprensa, antes do Jornal Nacional. Por último, já foi mais do que esclarecido que nada houve de irregular no encontro público entre o repórter Otávio Guedes (que não é chefe de reportagem como afirma o presidente) e o procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, José Eduardo Gussem, em janeiro último. Em abril, a corregedoria geral do Ministério Público arquivou representação do PSL contra Gussem, acusado de vazar provas ao jornalista. A Corregedoria disse que não existia qualquer elemento que apontasse para materialidade de indício de ilícito disciplinar por parte do procurador.
 
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