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09/07/2021 às 08h29min - Atualizada em 09/07/2021 às 08h29min

Trabalhadores sofrem com aumentos do gás de cozinha

Com o sexto aumento consecutivo, que faz o botijão ultrapassar R$ 100, os vendedores do setor de alimentação se desdobram para conseguir economizar e não repassar custos aos clientes. Mas reclamação é geral

Dol

Com mais um reajuste no preço do gás de cozinha, os trabalhadores do ramo de alimentação que mantêm negócios na feira do Ver-o-Peso começam a ficar preocupados e já sentem pesar no bolso o valor que precisam pagar para não parar as atividades, que é a única fonte de renda familiar para muitos deles. O aumento de preço foi anunciado na última terça-feira (6) e autorizado pela Petrobras, sendo o sexto do ano, e já está valendo em todo território nacional.

Quem precisa trabalhar diariamente têm adotado estratégias para economizar. Há 28 anos, Rosiane Gomes, 47, vende refeição na feira do Ver-o-Peso. Ela lembra que, por conta dos aumentos em vários produtos, já pensou em desistir do negócio. “Nos últimos anos tudo tem aumentado e está ficando quase que impossível manter as vendas. Está bem difícil ver uma luz no fim do túnel”, disse.

A boieira, que administra dois boxes de venda, conta que têm dado preferência para alimentos que podem ser preparados na panela de pressão. “Apesar de eu ter peixe frito no cardápio, estou preferindo preparar alimentos que podem ser feitos nesse tipo de panela porque o cozimento ou assado é bem mais rápido. Além disso, também procuro fazer boas quantidades de uma vez só, como é o caso do feijão.

Segundo a trabalhadora, o botijão de gás (13Kg) que precisa ser trocado semanalmente é comprado em média ao valor de R$104,00. O novo gasto consequentemente também afeta o valor da refeição, gerando reclamação por parte da clientela. “Sem dúvidas é um preço muito alto e não tem como não impactar na nossa venda. Mas a gente sempre conversa e explica para o consumidor o motivo disso acontecer, mas sabemos que dez centavos que seja, faz muita diferença no final do mês no bolso de todo mundo”, diz.

Aldaleia diz que precisa trocar o gás a cada 4 dias e reforça que a única saída é pechinchar

Aldaleia diz que precisa trocar o gás a cada 4 dias e reforça que a única saída é pechinchar

Aldaleia diz que precisa trocar o gás a cada 4 dias e reforça que a única saída é pechinchar Mauro Ângelo

Aldaleia Figueiredo, 44, também trabalha vendendo alimentação na feira e relata as dificuldades para manter o negócio com o preço do botijão sempre em alta. “Já cheguei a comprar botijão no valor de R$120,00 e isso é um absurdo. Eu, que a cada 4 ou 5 dias preciso trocar o gás, estou sentindo valendo o peso no bolso. Como trabalhamos com alimentos, tudo tem que estar o tempo todo fresquinho para quando o cliente chegar”, lembra.

PECHINCHA

A saída tem sido pechinchar valores de outros produtos para compensar o preço que é pago no gás e assim, tentar repassar o mínimo possível da despesa ao consumidor final. “Não tem jeito, o gás tem que ter todo dia. Então a estratégia é comprar, por exemplo, uma carne no açougue que vende mais em conta, uma verdura de distribuidores que entregam mais barato, e assim por diante. Porque se a gente colocar todo aumento para o cliente bancar, ele também vai reclamar bastante e pode até deixar de comprar”, afirma.

O vendedor de gás, Bené Pantoja, 63, diz que tenta ajudar ao máximo os trabalhadores que compram da sua distribuidora a conseguirem o melhor valor pelo produto, mas também concorda que os preços e os custos estão bem altos. “A maioria deles precisam trocar toda semana de botijão, então a gente precisa se ajudar para conseguirmos manter nossos negócios. Vendo pelo mesmo valor à vista, faço parcelamento diário, tudo para não perder o cliente que já encontra dificuldades”, conta.

DIEESE

Dados da última pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese-PA), revelaram que o valor do botijão de gás (13kg) está sendo vendido, em Belém, ao preço médio de R$96,02. A pesquisa mostrou ainda que o valor do produto alcançou R$ 100 em distribuidoras da capital. No ano passado, neste mesmo período, o valor do gás de cozinha era comercializado em média a R$76,00.


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