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05/09/2018 às 08h49min - Atualizada em 05/09/2018 às 08h49min

Brasil pode ser 2º maior exportador de algodão em 2018/19, dizem produtores

Abrapa estima que 1,12 milhão de toneladas serão embarcadas para o exterior, superando o montante da Índia. EUA devem manter liderança.

- Jornal In Foco
G1
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O Brasil pode elevar os embarques de algodão em pluma a 1,12 milhão de toneladas na safra 2018/19, ultrapassando a Índia e tornando-se o segundo maior exportador global do produto, avaliou nesta terça-feira (4) um executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
 
Segundo o diretor-executivo da entidade, Márcio Portocarrero, o Brasil também pode elevar o plantio no novo ciclo a até 1,4 milhão de hectares, com a produção crescendo para perto de 2,3 milhão de toneladas.
 
Os Estados Unidos devem se manter como líderes nas vendas externas.
 
Segundo Portocarrero, a tarifa chinesa sobre o produto dos EUA ajuda nas vendas externas brasileiras, mas o que estimula mais os embarques do Brasil é um compromisso "verbal" da China de adquirir o produto nacional, o que permitirá um plantio de 2 milhões de hectares até 2022, ante um recorde de até 1,4 milhão de hectares projetados pela Abrapa na próxima safra (2018/19).
 
"Os chineses falaram ao Brasil: 'dobrem a área de algodão que vamos comprar todo o seu algodão'. Mas só vamos fazer isso se tiver mercado", disse o executivo da Abrapa, sem revelar exatamente quando houve tal negociação.

Os preços do algodão na bolsa de Nova York estão nos maiores níveis em 4 anos, outro fator que estimula os produtores brasileiros, além de um dólar forte.
 
Pela previsão do executivo da Abrapa, a exportação brasileira na nova safra superaria em mais de 10% os embarques oficialmente projetados em 1,01 milhão de toneladas em 2017/18 e também apagaria um recorde histórico visto em 2011/12 (1,05 milhão).
 
Durante evento para jornalistas promovido pela Bayer, Portocarrero explicou que a China, para lidar com problemas relacionados à poluição e trabalhistas, tem levado sua indústria de algodão para países asiáticos como a Indonésia. Assim, os chineses ainda teriam condições de usar suas terras para plantar cereais.
 
 Segundo ele, entre os principais importadores do algodão brasileiro, que também incluem Vietnã e Bangladesh, apenas Coreia do Sul e Turquia não têm relação com tal projeto chinês.
 
Com relação à Índia, Portocarrero disse que o país asiático tem perdido mercado para o Brasil por estar muito mais focado em atender a demanda local e após não ter cumprido compromissos de exportação em 2011, o que afetou a credibilidade indiana, depois de a safra ter quebrado.
 
Ele ponderou que a Índia, que segundo ele passou a utilizar transgênicos, o que poderia ajudar na melhoria da produtividade, ainda tem problemas relacionados à mão de obra e de estrutura produtiva, fatores que dão competitividade ao Brasil.
 
Com um crescimento de mais de 10% no plantio esperado para a próxima safra, a produção da pluma brasileira atingiria um recorde de 2,3 milhões de toneladas, ante o patamar histórico de 2 milhões de toneladas esperado para temporada 2017/18, cuja colheita está em fase final, segundo previsão da Abrapa.
 
A expectativa de plantio foi divulgada em momento em que produtores já venderam 15 por cento da safra futura antecipadamente, em um ritmo considerado normal para o setor, segundo o executivo.

 

Subsídios dos EUA

 
Apesar do crescimento, o Brasil ainda exportaria um volume que representa cerca de um terço do que os EUA deverão exportar em 2018/19, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que também confirmam que o Brasil passará a Índia na exportação.
 
Portocarrero afirmou que o setor no Brasil avalia como poderá reagir após os EUA voltarem a aplicar subsídios agrícolas aos produtores que já foram condenados pela Organização Mundial do Comércio (OMC), em painel de iniciativa do Brasil. Em 2011, a vitória brasileira envolveu US$ 1 bilhão.
 
Segundo ele, o setor está avaliando o impacto global que terão os subsídios dos EUA e o montante que será alocado no orçamento, para depois eventualmente envolver o governo brasileiro no que pode resultar em uma nova disputa na OMC.

 
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