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24/10/2023 às 12h56min - Atualizada em 24/10/2023 às 12h56min

35 ônibus e um trem são incendiados no Rio após morte de miliciano

Matheus Rezende, o Faustão, foi baleado na comunidade Três Pontes. Ele era apontado como o número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, e o terceiro da família morto pela Polícia Civil. Avenida Brasil chegou a ser fechada por bandidos

 
Rio de Janeiro/RJ - A morte de um miliciano provocou um dia de terror na Zona Oeste do Rio na tarde desta segunda-feira (23/10). Ao menos 35 ônibus e 1 trem foram queimados a mando de criminosos na região, no dia com mais coletivos incendiados na história da cidade, segundo o Rio Ônibus.

Entre os coletivos queimados, 20 são da operação municipal, 5 do BRT e outros de turismo/fretamento.

Outros veículos e pneus também foram incendiados, fechando diversas vias em bairros como Campo Grande, Santa Cruz, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra, Tanque e Campinho. Mais de 1 milhão de pessoas vive nessa área.

Passageiros tiveram que deixar alguns dos coletivos às pressas momentos antes dos criminosos atearem fogo aos ônibus. No Recreio, uma usuária do BRT chega a cair de cara ao deixar o ônibus.

Outra mulher gritava para que passageiros saíssem a tempo: “Tem gente no ônibus, gente do céu. Desce do ônibus. Cadê o motorista?”

Pelo menos 12 suspeitos de ataques a ônibus foram presos. O governado Cláudio Castro classificou os ataques a transportes como "terroristas" e disse que fará caça a 3 chefões do crime.

“Esses três criminosos; Zinho, Tandera e Abelha: não descansaremos enquanto não prendermos eles”, disse.

Um trem que saía de Santa Cruz, sentido Central, às 18h04, foi queimado por bandidos nas proximidades da estação de Tancredo Neves. O maquinista foi obrigado a abrir a porta, a descer da composição e teve que retornar à estação.

O Corpo de Bombeiros foi acionado para 36 incêndios em veículos. Cerca de 200 militares de 15 quartéis foram acionados para o trabalho de combate às chamas.

Avenida Brasil fechada

Até a Avenida Brasil, a principal via expressa do Rio, chegou a ser fechada por alguns minutos, com um ônibus atravessado na pista (veja abaixo), sentido Santa Cruz.

Às 18h40, o município entrou em estágio de atenção, o terceiro nível em uma escala de cinco e significa que uma ou mais ocorrências já impactam o município, afetando a rotina de parte da população. Por volta do horário, havia 58 km de congestionamentos na cidade, o dobro da média (29 km) das últimas três segundas-feiras.

Ao menos 45 escolas municipais foram afetadas, prejudicando 17.251 alunos. Em algumas, alunos e professores que estavam nos colégios permaneceram para se manterem em segurança.

Represália à morte de Faustão

Os ataques são em represália à morte do sobrinho do chefe da milícia Zinho, na comunidade Três Pontes. Matheus da Silva Rezende, conhecido como Teteu e Faustão, era apontado como o número 2 na hierarquia da milícia comandada pelo tio, e foi morto durante uma troca de tiros com a Polícia Civil.

No mesmo tiroteio, um menino de 10 anos foi atingido de raspão, segundo familiares. Ele foi levado para a UPA de Paciência, e liberado após atendimento.

Castro parabeniza a polícia

O governador Cláudio Castro parabenizou a Polícia Civil pela operação contra o crime organizado.

"Não vamos parar. Nossas ações para asfixiar o crime organizado têm trazido resultados diários", afirmou Castro. "Além do parentesco com o criminoso, ele atuava como 'homem de guerra' do grupo paramilitar, sendo o principal responsável pelas guerras por territórios que aterrorizam moradores no Rio. O crime organizado que não ouse desafiar o poder do Estado!"

BRT Transoeste parado

Segundo a MobiRio, empresa pública que opera o sistema BRT, no corredor Transoeste estavam circulando, por volta das 16h, apenas as linhas 13 (Alvorada x Mato Alto - Expressso), 25 (Alvorada x Mato Alto - Parador) e 22 (Jd. Oceânico x Alvorada - Parador).

O Centro de Operações Rio (COR-Rio) informou que o primeiro ônibus que pegou fogo estava na Rua Felipe Cardoso, na altura do BRT Cajueiros, em Santa Cruz.

Pelas imagens é possível ver o momento em que o homem dá início ao incêndio pela porta da frente do veículo.

Terceiro da família morto pela Polícia Civil

Matheus Rezende, sobrinho de Zinho — Foto: Divulgação

 

Faustão morreu após ser baleado em uma troca de tiros com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Polinter.

O miliciano é o terceiro da família a morrer em confrontos com a Polícia Civil do Rio.

Em 2017, outro tio dele, Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, morreu em operação da Delegacia de Homicídios da Capital.

Em 2021, mais um tio, Wellington da Silva Braga, o Ecko, morreu depois de reagir à prisão em uma casa em Paciência, na Zona Oeste do Rio.

Depois disso, seu irmão, Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, assumiu a maior milícia do Rio.

 

Fonte: g1


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