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01/04/2022 às 10h57min - Atualizada em 01/04/2022 às 10h57min

Mentir demais pode causar transtorno? Cuidado!

Psicóloga explica que exagerar nas histórias e viver uma ilusão por muito tempo traz uma verdade dura que é pouco conhecida na sociedade, a mitomania. As mentiras são perigosas e influenciam no comportamento.

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“Ih, meu filho, os homens são os que mais mentem por aqui! Eles chegam dizendo que é para um amigo, para um tio, para o avô. Mas não me enganam, não! Eu sei que o viagra natural é para eles e brinco dizendo que não precisam esconder a verdade, porque o meu papel é ajudar eles a resolver qualquer problema, menos mentir”, contou Beth Cheirosinha, uma das erveiras mais conhecidas do mercado Ver-o-Peso, em Belém.

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Esta história que ela contou foi sobre as mentiras mais comuns ou as que ela mais ouve ali, na maior feira livre da América Latina e principal cartão postal de Belém. Também questionada se as mulheres costumam mentir para comprar os atrativos do amor, ela disse que aí já não pode, pois, os banhos só terão efeitos mediante a verdade do que ela quer. “Entre os homens ainda pesa aquela história do que chamam hoje de ‘hétero top’, mas que era o machão de antigamente. Tinha que se mostrar viril, firme. Só que o viagra natural não é só para impotência sexual, é um poderoso energético e fortificante”, reiterou a vendedora.

“Ah, meu filho, eu não estou mais na idade de mentir e o meu papel, aqui, é ajudar as pessoas e não enganar”, respondeu a erveira, ao ser perguntada se ela conta alguma mentirinha, de vez em quando.

O Ver-o-Peso tem uma representatividade cultural muito forte em Belém, onde passam milhares de pessoas diariamente. Parte da história da cidade está ali, junto com um papo bom. “Se o povo conta mentiras no veropa? Égua, muita, principalmente quando começa a beber e ficar porre. As pessoas viram ricas e cheias de posses, mas a gente conhece e sabe quem tem e não tem poder aquisitivo”, disse a boieira Eliana Ferreira, 54.

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Para ela, as mentiras têm horário: surgem sempre depois do almoço, quando a cerveja começa a surtir efeito entre os clientes. Eliana não nega que mente, vez outra, mas se defende. “Tem certas coisas que não podem ser ditas e outras que não podem ser perguntadas. Então, a gente omite algumas informações e dependendo da situação conta uma mentirinha para sair dela”, disse.

O feirante Abel Modesto Veloso, 51, fala sobre mentiras com bom humor, em forma de piada. “Ah! Dia 1º de abril aqui vira uma festa. É mais quem quer pegar o outro com brincadeiras pelo dia da mentira”, comentou. “O que não falta é ‘potoqueiro’ pelo Ver-o-peso. Tem gente que mente a idade, que tem dinheiro ou que não tem”, exemplificou.

Mentir é algo que todo mundo faz, é do comportamento humano. O problema da mentira está na finalidade ou no que ela se justifica. O exagero e a frequência podem não ser saudáveis. Especialistas revelam que mentir desenfreadamente revela um quadro de mitomania e que a pessoa pode precisar de ajuda.

TRATAMENTO

Segundo a psicóloga Márcia Yamada, a mitomania pode ser sintoma de algum transtorno psicológico e que precisa de um acompanhamento especializado. “A mentira compulsiva, o hábito de mentir compulsivamente, pode estar associada a outras compulsões e transtornos. O tratamento é feito por meio da psicoterapia, em que a pessoa passa por um processo de autoconhecimento, a gente traz ela de volta para uma realidade distante da que ela criou ou fantasiou naquele universo de mentiras”, destacou.

A especialista chamou a atenção para as redes sociais, que podem influenciar no quadro de mitomania. “É um espaço onde as pessoas fantasiam o que gostariam de ser, mas é preciso ter cuidado entre o que se publica e o que se vive na realidade. Não se pode viver a fantasia de ser quem não é ou de demonstrar ter o que não se tem”, atentou Márcia.

“Daí a importância da psicoterapia. Eu tenho de entender a pessoa não pela patologia, e sim entendê-la pelos seus medos, ajudar a melhorar a autoestima dela, combatendo a ansiedade e a depressão”, ressaltou. ”Às vezes, mitomaníaco surge pelo não aceitamento da verdade, da realidade”, pontua a psicóloga.

Um ponto que chama atenção é o fato de que as pessoas não se reconhecem como mitomaníacas. São os outros que convivem com elas que identificam o problema. “Toda pessoa é única e precisa ser tratada de forma única para que aprenda a controlar seus impulsos”, encerrou Márcia Yamada.


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