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27/11/2019 às 11h52min - Atualizada em 27/11/2019 às 11h52min

​Aumenta o fosso entre governo Duque e manifestantes na Colômbia

Indiferentes a pacote anunciado por presidente, centrais sindicais e estudantis convocam greve geral, acirrada por morte de estudante pela polícia

- Jornal In Foco
G1
Foto: Reprodução
Em apenas 15 meses de governo, o presidente Iván Duque amarga a desaprovação de 69% dos colombianos e amanhece no sétimo dia de protestos, com mais uma greve geral convocada para esta quarta-feira (27). O mais jovem mandatário eleito na história do país é desafiado por demandas que foram ofuscadas, durante décadas, pelo conflito armado com guerrilha e paramilitares, e por um conturbado processo de paz que dominou a cena política na Colômbia.
 
Ainda que encoberto por um crescimento de 3,3% do PIB, esse coquetel de queixas acumuladas veio à tona em gigantescos protestos que se alastraram na última semana nas principais cidades. O estopim foi deflagrado pelos planos do governo de implementar reformas nos sistemas trabalhista e previdenciário, assim como uma suposta redução no salário mínimo de jovens, desmentida pelo presidente.
 
A violência das forças de segurança, concentrada particularmente na polícia antidistúrbios, resultou na morte do estudante Dilan Cruz, de 18 anos, que rapidamente transformou-se no principal rosto do protesto, aumentando o fosso entre governo e descontentes.
 
Sem apoio no Congresso para implementar reformas, Duque tentou retroceder, reuniu-se com uma comissão formada por entidades de trabalhadores e anunciou um pacote para aplacar os ânimos. Acenou com a proposta de aliviar o bolso dos consumidores com 3 dias por ano sem a cobrança do IVA e a devolução de 100% do imposto aos 20% da população considerados pobres.
 
E ainda distribuiu outras benesses para estimular jovens e aposentados, que teriam contribuições para a saúde reduzidas. Tudo isso, pelos cálculos do governo, custaria US$ 900 milhões aos cofres públicos.
 
Mas era tarde. Qualquer perspectiva de acordo pulverizou-se pela morte do estudante. Centrais sindicais e estudantis mantiveram-se firmes ao propósito de não arredar pé das ruas.

Exigem o desmantelamento do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), criado em 1999 durante o governo Andrés Pastrana, e frequentemente implicado em violações em direitos humanos.

A força é composta por cerca de 4 mil funcionários, que em tese atuariam com armas de baixa letalidade, como gás lacrimogêneo e balas de borracha. Mas há fortes suspeitas de que Dilan tenha sido atingido na cabeça com arma de fogo.
 
 Apadrinhado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, que se opôs fortemente ao acordo de paz com as Farc assinado em 2018, durante a gestão de Juan Manuel Santos, Duque patinou na implementação do pacto. Seu governo é criticado de lentidão, o que teria levado milhares de guerrilheiros de volta à luta armada.
 
Aos 43 anos, Iván Duque tentou enveredar por um caminho mais moderado em relação a Uribe, atualmente senador pelo Centro Democrático. Nas eleições locais, em outubro passado, o partido, o Centro Democrático, foi duramente castigado em Bogotá e Medellín, as duas maiores cidades colombianas.

Diante do clima de confronto ideológico em que o país está mergulhado, Duque é frequentemente referido como subpresidente, numa alusão à influência de seu mentor político no governo. Essa ambiguidade dá a dimensão dos graves problemas que enfrenta em tão pouco tempo no comando da Colômbia.
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