Jornal In Foco Publicidade 1200x90
26/11/2019 às 09h46min - Atualizada em 26/11/2019 às 09h46min

Denúncia: Vale regula preço de mensalidades no Colégio Equipe e impede que filhos de funcionários se misturem com pessoas comuns

Funcionando em prédio público, Colégio Equipe tem uma das mensalidades mais caras da região. Pais denunciam que filhos de não-funcionários Vale são rejeitados mesmo que tenham dinheiro para pagar o valor absurdo das mensalidades

Beatriz Macieira e Kécia Caroline - Jornal In Foco
Fotos: Beatriz Macieira
Você teria condições financeiras de pagar R$ 1500,00 de mensalidade escolar para o seu filho? Como a maioria dos paraenses, a sua resposta deve ter sido não.

Esse, no entanto, é o valor de uma mensalidade cobrada pelo Colégio Equipe de Canaã dos Carajás, escola administrada pela Vale. Fora da realidade de qualquer cidadão médio, o preço assusta porque é exorbitante, um dos maiores cobrados por escolas particulares da região. O abuso é ainda maior quando se tem conhecimento de que a escola funciona em um prédio público, que pertence ao município, e que está sem contrato para ocupa-lo desde o ano de 2015.

Isso mesmo!

A instituição funciona em Canaã graças a uma parceria da Vale com a prefeitura local. A ideia é que o governo cedesse o espaço e a mineradora, em contrapartida, ofertasse vagas para alunos bolsistas em Canaã – o que pouco se vê.

O tempo passou, a comunidade não ganhou nada e a “parceria” já não tem validade nenhuma, visto que o contrato de ocupação do espaço venceu em 2015. Lá se vão quatro anos de muita grana arrecadada e nenhuma despesa com o espaço para funcionamento da unidade. A Vale, inclusive, é uma das responsáveis por ditar as regras de preço das mensalidades e matrículas da escola. Segundo informações, a ideia é “separar”, de fato, os filhos de funcionários do alto escalão da empresa dos demais jovens canaenses; isso explica o valor cobrado para estudar no colégio.

Um grupo de pais revoltados com a situação se reuniu nesta sexta-feira (22), na Câmara Municipal, com a direção da escola. Na ocasião, os pais expuseram a indignação com o caso, falaram do interesse de matricular os filhos na instituição, mas que pagar o valor exigido pela escola é impossível para a maior parte da comunidade local. Representantes da Vale e vereadores participaram da reunião. Também foi exposto o fato de que a escola tem “sonegado” vagas para alunos filhos de pessoas comuns.
Veja abaixo fotos do contrato firmado ainda pelo ex-prefeito Anuar Alves:
 







A direção ouviu as reclamações e afirmou que fará um estudo de preço das mensalidades nas demais escolas particulares do município para ter uma base do valor correto a se cobrar. Foi informado também que uma nova filial do Colégio será aberta em Canaã, mas ainda não há previsão para tal. Será que na nova unidade a Vale continuará dando as cartas?

O que sabe é que mais um ano letivo vem aí e a escola continua a funcionar em prédio público sem contrato para tal. Onde está o erro? A parceria com a Vale não beneficia a comunidade, mas alguém está faturando muito com isso; quem?

Vale ressaltar que a renda média de um paraense é, segundo o IBGE, R$ 3.391,09, a sexta mais baixa do Brasil, o que torna inviável pagar uma mensalidade tão cara para um filho. Educação de qualidade está à disposição somente dos figurões da Vale?

Em Canaã, aparentemente, sim.
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Jornal In Foco Publicidade 1200x90