07/11/2019 às 15h36min - Atualizada em 07/11/2019 às 15h36min
Brasil implementa cota de importação de 750 mil toneladas de trigo sem tarifas por ano
Ministério da Agricultura afirmou que cota concretiza um compromisso assumido pelo país junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
- Jornal In Foco
G1
G1 O Brasil implementou uma cota de importação de 750 mil toneladas de trigo por ano sem tarifas, em medida que valerá por prazo indeterminado, informou nesta quarta-feira (6) o Ministério da Agricultura.
A cota com tarifa zero para o trigo foi anunciada em março quando o presidente Jair Bolsonaro visitou a Casa Branca, o que gerou preocupação na tradicional fornecedora do país, a Argentina, parceira brasileira no Merscosul. Mas somente agora a medida foi publicada.
A associação do setor, Abitrigo, disse anteriormente que a medida deve beneficiar principalmente produtores nos Estados Unidos, Canadá e Rússia.
O Brasil, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, é um importador líquido de trigo, uma vez que o cereal se desenvolve melhor em países com clima temperado.
O país produz cerca de 5 milhões de toneladas de trigo por ano, frente a um consumo total de quase 12 milhões de toneladas, o que exige importações anuais ao redor de 7 milhões de toneladas.
A maior parte desse volume vem da vizinha e parceira de Mercosul, Argentina, que por anos se beneficiou da tarifa zero aplicada a membros do mercado comum.
Os Estados Unidos têm sido um fornecedor regular de trigo para o Brasil, mas em uma escala bem menor. A Rússia também tem avaliado o mercado e já enviou um ou dois navios com cargas do cereal recentemente.
Segundo a Abitrigo, a medida provavelmente será aplicada a partir do próximo ano e a publicação nesta semana veio antes do esperado.
A medida vem pouco após a eleição na Argentina do candidato de esquerda e peronista Alberto Fernandez à presidência. Fernandez vem sendo duramente criticado pelo presidente Bolsonaro.
Mais cedo, o Ministério da Agricultura afirmou que a cota concretiza um compromisso assumido pelo país junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) e que a implementação foi aprovada em reunião do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) na terça-feira.