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05/11/2019 às 12h37min - Atualizada em 05/11/2019 às 12h37min

​Trump e o desafio da reeleição

A cem dias do início das primárias democratas, qual a chance de ele manter o poder?

- Jornal In Foco
G1
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A cem dias do início das primárias democratas, com as célebres convenções partidárias de Iowa conhecidas como “caucus”, as interpretações sugerem resultados antagônicos para o resultado: vitória fácil dos democratas – ou disputa apertada, com vitória de Donald Trump.
 
O eixo da eleição será o governo Trump. A estratégia dele é repetir o desempenho em 2016 e derrotar o candidato ou candidata democrata nos mesmos estados do Meio-Oeste que lhe garantiram aquele êxito: Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.
 
É por isso, como já escrevi, que faz sentido ele manter o estilo que tanto irrita o eleitorado urbano das grandes cidades, mas agrada o público mais fiel. É o que tem feito nas campanhas às eleições para governador no Mississippi, Kentucky e Louisiana, seus últimos testes antes das eleições do ano que vem. Se conseguir ampliar o comparecimento dos eleitores brancos sem nível universitário (aqueles que lhe garantiram a vitória em 2016), suas chances crescem muito.
 
 
A dúvida repousa sobre a estratégia dos democratas. Errática é uma palavra tênue para descrever a divisão que acomete o partido. Nunca pareceu tão fácil derrotar um presidente. A popularidade de Trump continua pouco acima de 40% e dificilmente subirá além disso. É um nível que torna o cenário extremamente favorável a qualquer candidato que o desafie. Ainda assim persiste a dúvida.
 
Analistas como Rachel Bitecofer, do Wason Center, dão como provável a derrota de Trump. Nas contas dela, os democratas somarão 278 votos no Colégio Eleitoral, ante 197 dos republicanos. Ela dá como indefinidos apenas Arizona, Flórida, Carolina do Norte e Iowa. BItecofer, que acertou quase em cheio a avalanche democrata nas eleições de meio de mandato no ano passado, não considera que Trump tenha muita chance nos três estados críticos do Meio-Oeste.
 
Para Allan Lichtman, professor de história cujo modelo de previsão acertou o resultado das últimas nove eleições presidenciais (ele ignora as pesquisas e leva em conta apenas 13 perguntas de resposta “sim” ou “não”), o quadro atual também favorece os democratas. Tal tendência não será afetada, diz ele, nem mesmo pelo processo de impeachment, que poderia exercer interferência negativa.
 
Apesar do otimismo, análises baseadas em indicadores econômicos sugerem dificuldades para os democratas. Num levantamento baseado em três modelos diferentes, a Moody’s Analytics prevê vitória de Trump com, respectivamente, 351, 289 e 332 votos no Colégio Eleitoral (sobre um total de 538).
 
 
As últimas pesquisas divulgadas nesta semana pelo New York Times parecem dar razão às dúvidas. Ao contrário das análises de Bitecofer e Lichtman, sugerem que a vitória de Trump dependerá do candidato democrata. Dos seis estados considerados críticos para o resultado – Michigan. Pensilvânia, Wisconsin, Arizona, Flórida e Carolina do Norte –, o ex-vice-presidente Joe Biden derrota Trump em cinco; o senador Bernie Sanders, em três; e a senadora Elizabeth Warren, apenas em um.
 
Todas as estimativas estão, contudo, dentro da margem de erro. Isso sugere uma disputa bem mais apertada do que o otimismo democrata pode dar a entender. No final, deverá ser decidida pelo partido que conseguir atrair para as urnas mais representantes dos grupos de eleitores mais fieis: negros, latinos e minorias para os democratas; brancos sem nível universitário para os republicanos.
 
A esta altura, Trump parece ter mais consciência disso que os democratas. Tem jogado todas as fichas nos três estados em que a demografia lhe é favorável (brancos sem nível universitário são 57% dos eleitores no Wisconsin e 51% no Michigan). A dificuldade será atraí-los em quantidade suficiente para compensar a onda democrata.
 
Um grupo crucial entre esses eleitores são os que votaram em Barack Obama em 2012, mas preferiram Trump em 2016, conhecidos como eleitores Obama-Trump. Mais de um terço votou em democratas nas eleições de meio de mandato em 2018, revela uma análise do cientista político Robert Griffin, do Voter Study Group.
 
 
Nem todo pré-candidato democrata tem o mesmo apelo para esse grupo. É aí que Biden leva vantagem sobre Sanders e Warren. Sua capacidade de atrair o público que já votou em Obama e Trump é superior à dos dois outros, associados à ala esquerda do partido.
 
Warren tem despontado como favorita a polarizar a disputa das primárias com Biden. Leva vantagem em Iowa e nos primeiros estados, que costumam definir o rosto da corrida. Biden tem despertado reticência na ala mais jovem e engajada do partido, tanto pela idade avançada quanto pelo perfil de “tiozão”. Com seu discurso demagógico – como a proposta fabulosa e impraticável de saúde universal –, ela pode acabar derrotando Biden, apenas para perder para Trump.
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