Os preços do boi gordo, base Cepea/B3, apresentaram uma redução de 1,33% na primeira metade de abril, alcançando o valor de R$ 229,20 por arroba. Esse movimento sugere uma janela de oportunidade para a indústria e para investimentos no setor.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) identifica que a atual relação de preços entre o boi magro e os contratos futuros de julho/24 negociados na B3 indicam um período propício para investidores adquirirem novos lotes de boi magro. Este fato ocorre após um declínio nos valores do boi magro de março a maio, período influenciado pela baixa demanda dos agentes.
Fernando Iglesias, analista de proteína animal na Safras & Mercado, comenta em entrevista ao Money Times que os ajustes positivos observados no mercado futuro possibilitam uma troca vantajosa para o pecuarista. “O produtor deve conquistar bons resultados operacionais se ele travar os seus preços em torno de R$ 248, que foram vistos no contrato de outubro nesta quinta-feira”, explica. Iglesias também menciona que há preços atrativos no mercado de reposição e condições favoráveis nos custos de nutrição animal para 2024.
Por outro lado, Hyberville Neto, analista da HN Agro, relata uma redução na oferta e preços mais firmes nas últimas semanas, com uma estabilidade na média diária de exportação de carne bovina em abril, mantendo-se nos mesmos níveis de dezembro de 2023. “Se esse ritmo se manter, devemos ter um recorde em abril”, ele prevê. No mercado interno, a menor oferta de gado equilibra as cotações, especialmente na segunda quinzena do mês.
No que se refere à relação entre a carcaça bovina no atacado e o boi, a venda da carcaça apresenta uma remuneração 7,1% superior ao que o frigorífico paga pelo boi, marcando a melhor margem desde novembro de 2023. “Quando avaliamos a relação entre a carne exportada e a arroba em março, obtemos uma relação de 96,9 arrobas do boi por tonelada exportada, a melhor desde outubro de 2023”, adiciona Neto. Em abril, essa relação melhorou ainda mais, alcançando 102 arrobas por tonelada.
Neto também destaca uma possível antecipação no abate no primeiro bimestre, o que pode impactar a oferta futura. “A oferta de fêmeas, para o período de seca, onde normalmente seria maior, pode apresentar um número menor de animais”, sugere. Além disso, ele aponta que o aumento nos abates no segundo semestre de 2023 foi impulsionado por uma relação de troca com o milho muito atrativa, a melhor desde 2017.
Essa análise do mercado sugere que os preços do boi gordo e magro estão em um momento de equilíbrio, proporcionando um cenário estável para a indústria e os investidores avaliarem as melhores estratégias de mercado e operações futuras.
