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04/01/2024 às 17h48min - Atualizada em 04/01/2024 às 17h38min

Vereador Rubinho Neres (União Brasil/SP) registra um requerimento solicitando CPI para investigar atuação do Padre Júlio Lancelotti na atuação junto a pessoas em condição de moradores de rua

Arquidiocese de São Paulo questiona "atuar em favor pobres virou motivo para CPI?"

Redação - jornalinfoco.com
No Brasil as informações sobre pessoas que vivem em condições de rua tanto no IPEA quanto no IBGE são informações antigas e desencontradas, estimasse que em uma década que vai de 2012 a 2022 o crescimento desse segmento da população cresceu 211%, em torno de 281.472 mil pessoas vivem nessa condição no país.
No grande estado de São Paulo 48,6 mil pessoas vivem ou já viveram em situação de rua, principalmente na capital paulistana. Alguns vivem em famílias inteiras e a grande maioria completamente sozinhos, muitos desses vindos de outras regiões do Brasil atraídos pelo sonho da “cidade grande”, de novas oportunidades de emprego e em poder ajudar a família que ficou para trás.
Mas o que na maioria das vezes o que acontece é que esse “sonho feliz de cidade” acaba sendo engolido pela imensidade da maior cidade da América Latina e esse sonhador vai cair nas ruas, pois já não tem o dinheiro suficiente para um aluguel, para cair no álcool e nas drogas é um passo. O problema é que mesmo uma rica capital como São Paulo não dispõe de políticas públicas para acolher todas essas pessoas, uma consequência desse fenômeno é a Cracolândia (local onde se concentram usuários de crack e outras drogas ilícitas) que há anos é uma ferida aberta na capital paulistana.
O morador de rua é aquela pessoa sem nome, sem rumo, sem moradia, está ali atrapalhando o trânsito nos sinais ou na porta de hospitais e igrejas pedindo esmolas, é a pessoa invisível a que é ignorada pelos outros habitantes que não a querem ali, simplesmente passam e fingem que não as vê, pois a sua insólita presença incomoda, afasta o turista, deixa a cidade mais feia e perigosa.
E do mesmo jeito que centenas de pessoas fazem questão de não enxergar uma população que vive nas ruas, uma outra centena corre na direção contrária, grupo de pessoas se organizam para amenizar a situação, com doação de comida, cobertores, qualquer coisa que possa trazer um pouco de conforto para quem não tem absolutamente nada e nem ninguém.

Geralmente grupos ligados as igrejas fazem esse trabalho assistencial e de acolhimento a pessoas em condição de vulnerabilidade e moradores de rua e dentre essas pessoas existe a figura do Padre Júlio Lancelotti que é pároco da Igreja de São Miguel Arcanjo no bairro da Mooca em SP. Há mais de 40 anos Pe. Júlio trava uma incansável luta contra a pobreza e contra a discriminação dos pobres.

Pe. Júlio acorda as 5h da manhã, faz suas orações e as 7h já está à frente do centro comunitário de sua paróquia onde 500 pessoas já aguardam para o café da manhã, sua equipe de voluntários estima que em torno de 900 atendimentos são realizados por semana e os atendimentos vão desde uma simples passagem de ônibus até casos mais graves que envolvem violência e abusos sexuais. No ano de 2020, Padre Júlio recebeu uma ligação vinda do Vaticano e ao atender falava como o Papa Francisco que para início de conversa perguntou como era o seu dia, depois de uma breve conversa o Santo Padre pediu “que ele continuasse com o trabalho nas ruas e a assistência aos irmãos” e assim ele tem feito há mais de 40 anos, tem dado assistência a quem precisa.
Padre Júlio Lancelotti passou ser vítima de ataques frequentes de partidários bolsonaristas e até mesmo de outros padres e pessoas vizinhas a sua paróquia que se sentem incomodadas com o seu trabalho e que o agridem de forma verbal e até fisicamente e mesmo debaixo de todo tipo de insultos ele nunca se deixou abater, sua luta é pacifica e legítima pois ele colocar todo seu carinho e todo seu intelecto na ajuda aos mais necessitados.

No dia 06/12/2023 o vereador do Partido União Brasil/SP Rubinho Neres, registrou uma CPI que seria para investigar as ONG’s que atuam no centro de São Paulo na região da Cracolândia e apesar do requerimento não citar nenhuma instituição específica o texto do vereador Rubinho cita o nome do Padre Júlio como uma das pessoas a serem ouvidas pois ele atua junto a pessoas em condições de rua, o requerimento também citas as instituições Craco Resiste e Centro Social N. Sra. Do Bom Parto.
A Arquidiocese de São Paulo diz que acompanha com perplexidade a abertura da CPI e em nota publicada no dia 03/01/2024 questiona Perguntamo-nos, por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral”? Padre Júlio não é parlamentar. Ele é o vigário episcopal da Arquidiocese de São Paulo para o ‘Povo da Rua’ e exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade”.
Em sua defesa Padre Júlio diz a CPI é legítima e que não tem seu nome atrelado a nenhuma ONG ou Sociedade Civil, que seu trabalho é pastoral e voluntário “A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que por sua vez não se encontra vinculada de nenhuma forma às atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para a criação da CPI em questão”, diz.
Fazer o bem sem olhar a quem deveria ser o lema de todo bom cristão, mas de que cristão estamos falando?
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