Líder norte-coreano e presidente sul-coreano fazem gesto conjunto após declaração (Foto: Reuters/Reprodução) O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o líder norte-coreano, Kim Jong-um, comprometeram–se nesta sexta-feira (27) a assinar um acordo de paz para acabar com a guerra entre as Coreias ainda neste ano. O pacto vai substituir o armistício de 1953. Essa guerra foi interrompida por cessar-fogo, mas nunca teve fim oficial.
Líderes também concordaram em trabalhar pela desnuclearização da península. A declaração conjunta ocorreu durante encontro histórico que aconteceu em Panmunjon, zona desmilitarizada entre os dois países.
"Os dois líderes solenemente declararam ante 80 milhões de coreanos e todo o mundo que não vai haver mais guerra na península da Coreia e que uma nova era de paz começou", diz a declaração.
Ditador da Coreia do Norte cruza a fronteira com a rival histórica Coreia do Sul
Principais compromissos assumidos
Cessar todos os atos hostis entre os países por terra, ar e mar;
Realizar, através da desnuclearização completa, uma península coreana livre de armas nucleares;
Transformar a área desmilitarizada em zona de paz, eliminando ações como a distribuição de propaganda;
Participar juntos de eventos esportivos, como os Jogos Asiáticos de 2018;
Esforçar-se para resolver rapidamente as questões humanitárias que surgiram com a divisão das Coreias;
Continuar com um programa de reunião para famílias separadas pela guerra;
Implementar todos acordos feitos até agora pelos dois países;
Manter diálogos e negociações em vários campos;
Encorajar trocas, cooperação e contatos em todos os níveis.
No encontro, que durou 100 minutos, eles “falaram sobre a desnuclearização, estabelecimento da paz na península e sobre melhoria das relações” entre os dois países, que seguem em guerra, segundo informou o porta-voz da presidência sul-coreana, Yoon Young-chan.
“A Coreia do Sul e do Norte compartilham a visão de que as medidas iniciadas pela Coreia do Norte são muito significativas e cruciais para a desnuclearização da Península Coreana e concordaram em desempenhar suas respectivas funções e responsabilidades nesse sentido. A Coreia do Sul concordou em buscar ativamente o apoio e a cooperação da comunidade internacional para a desnuclearização da península coreana", diz a declaração conjunta.
Os dois países também "decidiram continuar com o programa de reunião de famílias separadas por ocasião do Dia de Libertação Nacional em 15 de agosto deste ano". A data coincide com a celebração da rendição do Japão ao final da Segunda Guerra Mundial, informa o comunicado conjunto.
Encontro histórico
A conversa entre os dois líderes teve início às 10h15 (22h15 de quinta, 26, em Brasília). Após se cumprimentarem, Moon aceitou o convite de Kim e pisou brevemente no lado Norte da fronteira, sorrindo. Em seguida, ambos cruzaram para o lado Sul.
O presidente sul-coreano disse a Kim que estava "feliz por conhecê-lo" e mais tarde afirmou que a presença de Kim fazia de Panmunjon um símbolo de paz, e não mais de divisão.
Eles foram então escoltados por uma guarnição de honra até a Casa da Paz, edifício que abriga a cúpula e que está localizado na margem sul da fronteira intercoreana. Foi neste local que o cessar-fogo de 1953 entre os dois países foi assinado.
Ali, Kim assinou um livro de visitas, onde deixou a seguinte mensagem: “Uma nova história começa agora - no ponto inicial da história e na era da paz”.
A agência norte-coreana KCNA afirmou que Kim pretende "discutir de coração aberto com Moon Jae-in todas as questões com objetivo de melhorar relações intercoreanas e alcançar paz, prosperidade e reunificação da península coreana".
O líder norte-coreano disse ainda ao presidente sul-coreano que está disposto a visitá-lo em Seul "a qualquer momento que for convidado", informou a presidência sul-coreana.
Kim é o primeiro líder norte-coreano a pisar em solo sul-coreano desde o final da Guerra da Coreia (1950-1953), que terminou com um cessar-fogo em vez de um tratado de paz.