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Em comparação aos métodos convencionais de análise de óleo, o método que utiliza a NIR tem a vantagem de levar apenas alguns segundos e de não destruir a amostra
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Um método de análise rápida ajudará os produtores de dendê (óleo de palma) a prever qual será o teor e a qualidade do óleo no fruto na recepção dos cachos na indústria ou antes mesmo da colheita. A tecnologia está sendo desenvolvida em parceria entre a Embrapa e a empresa Spectral Solutions e prevê a criação de uma plataforma analítica de fenotipagem química rápida da Palma de Óleo com o auxílio de uma metodologia chamada Espectrometria no Infravermelho Próximo, ou Near-Infrared Spectroscopy (NIR), em inglês.
Em comparação aos métodos convencionais de análise de óleo, o método que utiliza a NIR tem a vantagem de levar apenas alguns segundos e de não destruir a amostra. Além disso, dispensa o uso de solventes e outros equipamentos de laboratório.
“Dentro do laboratório, o número de amostras que pode ser analisado gira em torno de 10 a 15 por dia, enquanto utilizando a técnica NIR poderia se estimar algo em torno de 300 amostras por dia com um único equipamento”, compara Simone Mendonça, pesquisadora da Embrapa Agroenergia (DF) responsável pela pesquisa.
A Unidade de Pesquisa já havia desenvolvido um método utilizando equipamento de bancada. No atual projeto, que teve início em julho passado com previsão de término em dezembro de 2022, a ideia é adaptar o método em equipamentos portáteis e mais baratos que os de bancada.
De acordo com Mendonça, apesar de a tecnologia portátil ter menor capacidade de captação de detalhes espectrais, isso poderá ser compensado com a ampliação da base de dados para que a performance se torne equivalente. “Para isso, contamos com a parceria da Spectral Solutions, que entrou no projeto propondo dois equipamentos portáteis e dando apoio na análise quimiométrica e no desenvolvimento do software de apoio aos equipamentos”, conta a pesquisadora.
A metodologia foi desenvolvida a partir de demanda verificada na agroindústria da Palma de Óleo, cujo pagamento aos fornecedores se dá por peso da carga, sem avaliar o teor de óleo e a qualidade do material que está sendo entregue. “Muitas vezes, os cachos são colhidos no momento errado de maturação, o que acarreta rendimento de óleo inferior ao seu potencial e resulta em um óleo mais ácido”, conta a cientista da Embrapa.
Além disso, em geral, o cacho da Palma de Óleo tem que ser processado em no máximo 48 horas, pois após esse período o óleo começa a ser degradado no fruto, o que diminui a sua qualidade.
Outro desafio constatado pela equipe de pesquisa foi a morosidade nas análises de laboratório para determinar o teor de óleo, acidez e outros parâmetros de qualidade, já que para que isso seja feito é preciso que o fruto seja destacado do cacho, despolpado, moído, seco em estufa por muitas horas e só então encaminhado para análise.
“A análise de teor de óleo, por exemplo, leva seis horas de extração com solvente, e ainda tem o tempo de secagem que pode levar algumas horas. Ou seja, dentro da dinâmica de colheita ou recepção de amostras, fica inviável associar análises químicas importantes para melhor rendimento e qualidade de produção do óleo”, explica Mendonça. Portanto, o método convencional é mais demorado, o que acaba impactando no tempo de processamento do fruto, altamente degradável no pós-colheita.
“A plataforma analítica a ser desenvolvida será portátil, o que permitirá o uso em campo pelo produtor. Além disso, a indústria poderá bonificar o fornecedor pela qualidade do cacho que está entregando”, conta o CEO da Spectral Solutions, Luiz Felipe Aquino. A entrega da primeira versão do equipamento está prevista para o segundo semestre de 2022.
Pesquisadores da Estação Experimental Lemos Mariano da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Esmai/Ceplac), em parceria com a Embrapa Amazônia Ocidental (AM), desenvolveram o Unaué, um óleo de dendê quase desprovido de acidez. Com menor presença de ácidos graxos saturados e maior de ácidos oleicos, se comparados ao azeite de dendê tradicional (de origem africana), o Unaué é um óleo de altíssimo valor alimentar. Isso porque apresenta uma acidez de 1%, enquanto no azeite de dendê artesanal essa percentagem varia entre 3% e 5%, a depender da qualidade na produção. Se for extravirgem, a acidez do artesanal cai para 0,8%. O Unaué é derivado do fruto do dendezeiro híbrido conhecido como HIE OxG, criado a partir do cruzamento das espécies de origem africana (Elaeis guineensis) e do Caiaué, de procedência americana (Elaeis oleifera). A primeira cultivar de HIE OxG foi lançada pela Embrapa em 2010 e recebeu o nome de BRS Manicoré. Além da baixa acidez, a BRS Manicoré também apresenta resistência ao Anel Vermelho (AV - causado pelo nematoideBursaphelenchus cocophilus Cobb) e crescimento lento em altura, o que reduz o custo da colheita devido ao maior rendimento da mão de obra. |
Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Agroenergia
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