Crimes praticados contra policiais militares já viraram rotina no Pará. No último dia 17, o cabo Edwilson Pacheco da Silva, 28 anos, foi assassinado a tiros em Marituba. Exatamente uma semana depois, a história se repetiu, dessa vez em Benevides. O cabo Irialdo de Lima Ramos foi baleado e perdeu a vida em uma rua movimentada do centro do município, ontem pela manhã. Foi o 30° policial militar assassinado no estado esse ano. Isso significa que a cada 10 dias uma família sepulta um PM, enquanto a insegurança segue em alta voltagem.
A morte de Irialdo aconteceu por volta das 9h, na rua Joaquim Pereira de Queiroz, bairro Centro. Moradores da área dizem que o cabo Ramos costumava fazer trabalhos extras como segurança de supermercados e lojas, era conhecido na comunidade evangélica e não tinha desavenças por ali.
A constatação dos colegas o cabo Irialdo de Lima Ramos, após ele ser morto a tiros, por dois desconhecidos que fugiram de moto. (Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará)
Segundo o cabo F. Silva, os salários da categoria seguem sem reajuste desde 2015. Além disso, eles cobram melhores condições de trabalho e a definição da carga horária. Silva explica que o salário-base pago a soldados e sargentos está, em média R$ 4 mil.
“Devido à má remuneração, muitos tiram bicos para compor a renda e garantir o sustento das famílias. Isso os deixa mais expostos à violência”, acrescenta ao ressaltar que a corporação aguarda posicionamento do Estado com relação aos reajustes dos PMs e bombeiros militares. Porém, até o momento, não houve sinalização de negociação.
EFETIVO
Para o cabo, a inércia do governo se reflete nos alarmantes índices de criminalidade no Pará, sobretudo por não assegurar melhores salários e condições de trabalho aos agentes de segurança pública. Atualmente, o efetivo da corporação é composto por 14.600 PMs.
Contudo, o número de militares que efetivamente atuam nas ruas é menor, levando em consideração aqueles que estão indo para a reserva, os que estão de licença médica ou à disposição da Justiça. É um efetivo muito aquém da demanda, já que atendem a uma população de quase oito milhões de habitantes em todo o Pará.
“A Lei Orgânica Básica da PMPA prevê o quantitativo mínimo de 31 mil homens para suprir essa demanda. O trabalho com quantitativo reduzido e serviços extras estão entre os fatores que deixam a categoria mais exposta”, pondera. Ele acrescenta que, para atender de forma eficaz a Região Metropolitana de Belém, seriam necessários pelo menos 10 mil PMs, sendo que esse número corresponde quase à totalidade do Estado.
Desde 2010, a entidade tem protocolado documentos junto aos órgãos que compõem o sistema de segurança pública do Estado para cobrar providências e, também, a retomada do grupo formado por diversas entidades para discutir ações para a segurança pública.
Entretanto, esse grupo foi desfeito em 2013, conforme ressaltou o presidente da Associação. “Enviamos ofícios, cobramos, mas é difícil ter acesso aos órgãos do governo hoje”, critica.
Procuradas, as assessorias de comunicação de Secretaria da Estado de Administração (Sead) e Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) não se manifestaram até o fechamento dessa edição.