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06/09/2021 às 08h22min - Atualizada em 06/09/2021 às 08h22min

Deputados vão ao Ceará e constatam investimentos da Vale

Na fuga de investimentos, riqueza mineral explorada no Pará é beneficiada em outro estado enquanto aqui não há um investimento de grande porte

Dol
 

São mais de quatro décadas que o Pará é explorado por uma das maiores empresas mineradoras do mundo através da extração de ferro, cobre, manganês e outros minérios em seu territórios, a Vale S.A,. Contudo, investimentos que poderiam gerar empregos para a população local acabam sendo levados para outros estados.

Foi o que constataram os deputados estaduais, da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigam a atuação da mineradora em solo paraense.

Deputados propõem CPI para investigar Vale no Pará

Em visita realizada ao Complexo Siderúrgico de Pecém, no Ceará, para onde a matéria prima é levada e beneficiada, os parlamentares puderam observar as instalações que teve investimento de bilhões de reais gerando mais de seis mil empregos diretos e indiretos através da verticalização que ocorrem desde 2016.

Essa não verticalização da produção no Pará, gera emprego de mais de 60% da mão de obra local no Ceará. O deputado Eraldo Pimenta, que preside a CPI, foi acompanhado do deputado Eliel Faustino, membro titular, e estiveram no empreendimento, localizado em São Gonçalo do Amarante, no estado do Ceará. Lá, foram recebidos por Marcelo Botelho, presidente do Complexo Siderúrgico de Pecém (CSP), e o gerente de logística, Marcelo Faria.  

Complexo Siderúrgico de Pecém sendo apresentado aos parlamentares paraenses

Complexo Siderúrgico de Pecém sendo apresentado aos parlamentares paraenses

 Complexo Siderúrgico de Pecém sendo apresentado aos parlamentares paraenses | Ozeas Santos/Alepa

Em reunião com os executivos, os deputados puderam conferir uma apresentação sobre as operações e logísticas do empreendimento, e o pátio da fábrica, onde é feito todo o processamento da matéria - prima.

O presidente do complexo, Marcelo Botelho, apresentou a trajetória da empresa, instalada desde 2016, mas os estudos sobre a viabilidade iniciaram em 1995.  

De acordo com o executivo, o Pecém é formado por uma joint venture pelo Governo do Ceará e pelo Porto de Roterdã, na Holanda, que constituem o complexo industrial e portuário do Pecém, com condição geográfica privilegiada, tendo em vista que o porto possui a menor distância entre o Brasil e regiões estratégicas como os Estados Unidos, Europa e capacidade para receber navios de até 330 metros de comprimento, com calado de até 15,3 metros.

“O governo elegeu aqui para ser um polo, é uma política de estado. Esse é o principal motivo. Em todo o investimento, o efeito que se busca é a continuidade e o estado está junto nessa equação”, afirmou.

A Companhia Siderúrgica do Pecém é uma binacional, constituída pela brasileira Vale que detém 50% do capital, com participação de 50% das ações de empresas sul-coreanas Dongkuk (30%), maior compradora mundial de placas de aço; e Posco (20%), 4ª maior siderúrgica do mundo e a primeira na Coréia do Sul. Os investimentos são da ordem de US$ 5,4 bilhões, sendo a CSP a primeira usina integrada no Nordeste e a trigésima instalada no Brasil.

De todo material processado no pátio da CSP, dois terços são minérios provenientes de Carajás, enquanto a região sudeste contribui com apenas um terço (Minas Gerais e Espírito Santo).

Em termos de geração de operacionalidade, o minério de ferro do Pará representa com 2,8 milhões de toneladas/ano, e o sudeste com a parcela de 1,1 milhão de toneladas por ano.

A explicação para a essa mistura com minérios das duas regiões, segundo Marcelo Botelho, é que “o minério paraense possui alto teor de alumina, e o do sudeste, contém alto teor de sílica, e a junção dos dois forma uma composição de homogeneidade que gera excelentes resultados para atender o mercado nacional e internacional, tendo como principais compradores as indústrias automotivas, eletroeletrônicos e indústria pesada”, disse. 

E A ALPA?   

Mas para os deputados paraenses que esperam há pelo menos 10 anos pela promessa de construção da Aços Laminados do Pará - a Alpa - em Marabá, uma antiga promessa da mineradora Vale, a empresa poderia priorizar mais investimentos de grande porte na região,

“A gente se pergunta porque esses investimentos dessa envergadura não estão no Estado do Pará, que na realidade é a principal fornecedora da maior parte do minério que eles utilizam para fazer o chamado ferro – gusa, fazendo assim, uma exportação desse produto no Ceará, sendo que a maior parte vem do Pará”, argumentou, Eraldo Pimenta.

“Na realidade a gente vê que os lucros obtidos pela Vale no Pará, garante   condição e possibilidades de promover incentivos e trazer investidores para o nosso estado. Se teve a atração de coreanos para o Pecém, por que não ao estado do Pará?", indaga o parlamentar.

Operação da siderúrgica em Pecém

Operação da siderúrgica em Pecém

 Operação da siderúrgica em Pecém | Ozeas Santos/Alepa

O Pecém possui 5.500 funcionários, sendo que desse total, 2.532 são cearenses, o que representa 61% do total de mão de obra local. Para o deputado Eliel Faustino, a contratação de empregados locais, é um diferencial que poderia ser praticado no Pará.

“Estamos observando que a Companhia Siderúrgica do Pecém trabalha gerando emprego, onde 61% de sua mão de obra são de cearenses. Então, para nós paraenses, ficamos com o mesmo desejo de que a empresa verticalize a produção para que possa gerar emprego dentro do nosso estado, e que isso seja um retorno em função da exploração minerária”, concluiu.

Deliberações

Na próxima semana, a CPI vai convocar novos executivos para comparecem às oitivas para prestarem depoimentos.

A CPI

Instalada no dia 26 de maio deste ano, a CPI tem como finalidade, apurar entre outras questões, a concessão de incentivos fiscais à empresa, o suposto descumprimento de condicionantes ambientais pela Vale, a ausência de segurança em barragens, se houve repasses incorretos de recursos aos municípios e o cadastro geral dos processos minerários existentes na região.


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