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07/03/2020 às 14h57min - Atualizada em 07/03/2020 às 14h57min

Mulher Canaense: Conheça Girlayne do Nascimento

Trabalhando no ramo da educação, Girlayne tem 26 anos e fala, em entrevista ao In Foco, sobre a luta para superar obstáculos, como dificuldades financeiras e preconceito racial

- Jornal In Foco
Reportagem: Beatriz Macieira
Uma das coisas que mais me chamou a atenção na entrevista que fiz com Girlayne Castro do Nascimento, uma jovem de 26 anos que assumiu Canaã dos Carajás como sua cidade de coração, foi a sua resposta para a minha pergunta sobre o seu maior sonho: “Quero deixar sorrisos por onde passar.”

A frase dita por ela me fez refletir sobre a questão. O maior desejo de sua vida é ser lembrada de forma boa por outras pessoas. Para tanto, imagino que Girlayne deve ser um exemplo de mulher que vai à luta todos os dias com um sorriso no rosto, igual ao da foto de capa desta matéria, e que tenta fazer o possível para ser alguém altruísta. Seguimos a nossa série de reportagens sobre mulheres de Canaã dos Carajás que transformam suas realidades e mudam o mundo ao seu redor com a carismática Girlayne.

Atuando como tutora em uma faculdade particular de Canaã há algum tempo, ela é casada e diz amar o trabalho que faz. Uma das mais competentes profissionais da empresa em que atua, Girlayne se destaca pelos excepcionais números de novas matrículas feitas para a instituição. Isso garante a ela reconhecimento e, claro, mais dinheiro no bolso. No trabalho, a determinada Girlayne é carinhosamente chamada de "máquina de fazer matrículas". "Levar o ensino superior a outras pessoas é algo que me motiva, pois a educação é transformadora."

“Me identifico muito com meu trabalho” explica ela. “Gosto de ver o brilho nos olhos das pessoas ao ver que aprenderam algo daquilo que eu fui capaz de ensinar. Trabalhar com pessoas, com certeza, é algo que me motiva muito!”

Os bons resultados na vida profissional, no entanto, não mascaram as dificuldades de ser mulher em uma sociedade tão patriarcal. “É complicada a aceitação principalmente quando buscamos uma vaga no mercado de trabalho. Uma das maiores dificuldades, no meu caso, é o fato de ser uma mulher negra. Querendo ou não, ainda existe preconceito.”

Ao falar no preconceito racial, Girlayne não segurou as lágrimas. “Mulheres também cansam” pensei comigo mesma. Ela me falou sobre alguns casos em que, quando criança, foi discriminada pela cor da pele. O choro dolorido de minha entrevistada acabou me comovendo também e só pude lamentar o fato de algumas pessoas ainda passarem por isso.

Mais forte que o mundo ao seu redor, Girlayne seguiu a vida e deu a volta por cima. Estudou e, contrariando todas as expectativas, conseguiu o diploma do ensino médio. “Sou de uma família de muitos irmãos e a pobreza era grande na nossa casa. Decidi estudar e isso tem feito toda a diferença.”

 
Questionada sobre os motivos que tem para continuar adiante, ela foi enfática. “Minha mãe dizia que seu desistisse perderia tudo o que já ganhei. Nós sempre valorizamos muito tudo o que tínhamos e meu pai era muito rígido. Depois de um tempo, a desistência virou um mero obstáculo, hoje eu tenho o meu ensino médio e é como se fosse um doutorado, pois foi batalhado demais.”

Determinada, Girlayne trabalha quase todos os dias até as 22h. Sempre animada e sorridente, ela explica como faz para aliar a carga horário no trabalho com a vida pessoal. “Eu procuro deixar as coisas em seus devidos lugares. Dessa forma, uma coisa nunca é levada para o âmbito da outra. Assim, tudo flui de forma natural.”

Me despedi de Girlayne com um sorriso no rosto, um abraço e uma admiração por aquela mulher que, contrariando tudo e todos, conseguiu vencer na vida. Girlayne é uma mulher feliz e sua felicidade é grande o bastante para um sonho tão altruísta de deixar sorrisos por onde passar.

Em mim, ela deixou.

 
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