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15/01/2020 às 14h15min - Atualizada em 15/01/2020 às 14h15min

​Maníaco de Marituba: Adolescente tentou atrair outras mulheres pela internet

- Jornal In Foco
Diário Online
Foto: Reprodução
O adolescente de 17 anos acusado de cometer uma série de estupros, roubos e de assassinato, em Marituba, já está internado em uma unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa). A internação provisória foi decretada pelo Tribunal de Justiça do Estado, a pedido do Ministério Público que acompanha este caso.

Também continua preso preventivamente Jederson Menezes Alves, de 20 anos, acusado de estar envolvido nos crimes, inclusive no que resultou no assassinato da cabeleireira Samara Duarte Mescouto, 20 anos. As investigações seguem de forma sigilosa e, de acordo com a Polícia Civil, pelo menos sete mulheres teriam sido vítimas da dupla.

Uma das vítimas – uma manicure de 20 anos de idade – está internada no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência, em Ananindeua. Além dos hematomas da agressão por todo o corpo e da violência sexual, a garota apresenta um traumatismo na cabeça. O quadro clínico é considerado grave. O crime contra ela foi cometido no último sábado (11). A irmã dela também foi vítima do adolescente.

NOVOS

Ontem (14), novas mulheres procuraram a Seccional Urbana de Icoaraci para registrar ocorrência contra o adolescente. Elas teriam reconhecido o número de telefone que o adolescente usava para trocar mensagens se passando por mulher, querendo contratar os serviços ou comprar os produtos que elas anunciavam. Uma delas tem 24 anos de idade e é moradora do conjunto Beija-Flor. Ela contou que anunciou a venda de um aparelho de telefone celular em seu perfil numa rede social, no último dia 2, e logo foi procurada por uma então “Rayssa” que estaria interessada no telefone. A suposta compradora combinou de se encontrar na praça em frente à Igreja Matriz da cidade.

Desconfiada, a mulher pediu para se encontrarem na Seccional e lá fazer a venda do celular, mas “Rayssa” não aceitou. Então bloqueou o contato da vendedora, que ressaltou ainda que os termos e gírias que o adolescente usava para atrair as vítimas – entre elas chamá-las de “amore” – também foi empregado nas conversas que teve com ela.

A outra jovem que procurou a Seccional de Marituba tem 22 anos de idade e trabalha vendendo roupas e cosméticos. No dia 23 de dezembro, teria sido procurada por uma mulher que teria visto o anúncio de umas peças de roupa e estaria interessada. A conversa prosseguiu até o dia 26 porque a então interessada não aceitava encontrar a vendedora em lugares públicos da Cidade Nova, onde morava. Depois que o caso dos “maníacos de Marituba” repercutiu nas redes sociais, inclusive com recorte de imagens (prints) das conversas do suspeito com as vítimas – a vendedora identificou que era o mesmo número utilizado pelo adolescente.

Uma estudante de 19 anos não registrou ocorrência policial mas procurou informações sobre o caso porque conseguiu escapar do assédio cometido pelo suspeito. Ela relatou que no último dia 8 de janeiro anunciou a venda de um celular por R$ 800 e uma mulher entrou em contato querendo comprar, mas que a jovem fosse até Marituba entregar o aparelho. A estudante recusou porque Marituba ficaria longe da casa dela, a mulher insistiu que a estudante fosse e que pagaria 30 reais a mais no aparelho. “Eu não fui porque era longe e desconfiei. Depois a pessoa me bloqueou”, contou.

Nesse mesmo dia 8 de janeiro, o adolescente se passando por Rayssa entrou em contato com uma vendedora de roupas, de 25 anos, que mora em Ananindeua, encomendando umas peças e pedindo para encontrá-la em Marituba, prometendo, inclusive, pagar a sua passagem de ônibus. A vendedora não foi porque o celular ficou fora de área e as mensagens trocadas chegaram com atraso, ficando num horário difícil de ir até o local combinado. A vendedora reconheceu o número e o prenome de Rayssa usado pelo suspeito após mensagens nas redes sociais e nos jornais que noticiaram o caso.


Samara foi a vítima estuprada e morta pelo adolescente ao ser atraída até Marituba

Internet

Segundo as investigações, as vítimas anunciavam os seus serviços e produtos em seus perfis nas redes sociais – principalmente no Facebook – e o adolescente entrava em contato. Ele sempre se apresentava como mulher, em alguns casos deu o nome de “Rayssa”, e combinava de buscar as vítimas em local público, mas depois as levava para uma área de mata onde as espancava, estuprava e tentava matá-las por estrangulamento.

Processos terão tramitação diferente

Os dois acusados já possuem antecedentes criminais por roubo qualificado. Jederson Menezes foi preso em janeiro do ano passado e o processo desse caso tramita na Comarca de Tomé-Açu. Em relação ao adolescente, também há processos pelo mesmo tipo de delito, porém por ser menor de 18 anos de idade, os dados e informações seguem sob sigilo.

O advogado criminalista e especialista em Segurança Pública, Henrique Sauma, ressaltou que apesar da atual acusação contra os dois ser a mesma no processo do caso “maníacos de Marituba”, eles terão tramitações diferenciadas no decorrer do processo. O adolescente, por exemplo, será regido pelo que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e Jederson, pelo Código Penal Brasileiro. Fato também reforçado pelo também advogado criminalista e especialista em Segurança Pública, Brenno Miranda.

A reportagem buscou saber com os dois especialistas os próximos passos sobre o caso, em especial sobre como ficará a situação do adolescente. Ambos lembraram que ele só poderá ficar internado cumprindo as medidas socioeducativas por, no máximo, 3 anos e sendo reavaliado a cada 6 meses. Após esse período ficará em liberdade assistida ou semiliberdade, até completar 21 anos de idade. “Naturalmente, essas são avaliações superficiais de hipóteses da situação apresentada, podendo haver outros desdobramentos durante a fase judicial”, completou Miranda.


 
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