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15/01/2020 às 08h39min - Atualizada em 15/01/2020 às 08h39min

​Delator na Lava Jato relata entrega de R$ 2 milhões na sede do PT, em São Paulo

Termos de delação do empresário Alexandre Andrade Suarez foram anexados em processo que investiga obra da sede da Petrobras, em Salvador; Partido afirma que se trata de 'mais uma denúncia fantasiosa, sem sentido e sem provas que visa atingir o PT'.

- Jornal In Foco
G1
Foto: Reprodução
Um delator na Operação Lava Jato relatou a entrega de R$ 2 milhões em espécie na sede do Partido dos Trabalhadores (PT), em São Paulo (SP), destinados a João Vaccari Neto, então tesoureiro do partido. Conforme a delação, o acerto de propina envolvia a construção da Torre Pituba, sede da Petrobras em Salvador (BA).
 
Em nota, o partido afirma que se trata de "mais uma denúncia fantasiosa, sem sentido e sem provas que visa atingir o PT".
 
Termos da delação do empresário Alexandre Andrade Suarez, irmão de um dos fundadores da construtora OAS, foram anexados ao processo da Justiça Federal na noite de segunda-feira (13). O acordo foi homologado pelo juiz Luiz Antônio Bonat, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
 
Ele foi alvo da 56ª fase da Lava Jato, deflagrada em novembro de 2018, e ficou preso em Curitiba por um mês. Suarez é réu por corrupção ativa, lavagem de dinheiro, organização criminosa, gestão fraudulenta e desvio de recursos de instituição financeira na ação que investiga crimes na construção da Torre Pituba.
 
Segundo o depoimento, de setembro do ano passado, houve um acerto entre a Mendes Pinto Engenharia e ex-diretores da Petrobras e da Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) de que a empresa seria beneficiada para gerenciar a construção a partir do pagamento de R$ 9,6 milhões de propina.
 
Suarez conta que após o acordo foi necessário "também o apoio político devido às disputas internas que ocorriam dentro da Petrobras e da Petros".
 
Por isso, segundo ele, os ex-diretores intermediaram um encontro entre o representante da Mendes Pinto e o ex-tesoureiro do PT "com o objetivo de acertar os valores de propina a serem pagos e também obter deste [Vaccari], na qualidade de caixa do PT, apoio político à empreitada".
 
O delator relata ainda que por determinação de Vaccari ficou definido que a propina seria repartida em três partes iguais entre o PT nacional, o PT da Bahia e a Petros.
 
"Posteriormente, os percentuais foram alterados porque os dirigentes da Petros e da Petrobras passaram a cobrar um valor maior do que o acordado", diz trecho da delação. Com isso, Suarez afirma que o valor total prometido ao PT deixou de ser pago.
 
O delator diz que não tem conhecimento de quem fez as entregas de dinheiro na sede do PT.
 
56ª fase da Lava Jato

Dezenove pessoas foram presas na 56ª fase da Lava Jato, deflagrada em 23 de novembro de 2018, em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.
 
Conforme a Polícia Federal (PF), houve superfaturamento nos contratos de gerenciamento da construção, de elaboração de projetos de arquitetura e de engenharia da sede da Petrobras em Salvador.
 
O prédio foi construído pela OAS e pela Odebrecht – ambas já investigadas anteriormente pela Lava Jato. As duas empreiteiras distribuíram vantagens indevidas de, pelo menos, R$ 68.295.866 que representam quase 10% do valor da obra, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
 
Os valores eram direcionados, segundo o MPF, para viabilizar o pagamento de vantagens indevidas para agentes públicos da Petrobras, do PT e dirigentes da Petros.
 
O esquema de contratações fraudulentas e pagamentos de vantagens indevidas aconteceu entre 2009 a 2016, de acordo com o MPF.
 
Em resumo, segundo a PF, a Petros, mediante parceria com a Petrobras, investiu na execução da obra para alugar o prédio à empresa estatal por 30 anos.
 
De acordo a PF, porém, com o direcionamento da execução das obras para uma empresa ligada e outras duas empreiteiras já conhecidas da Lava Jato, o valor da execução ficou muito acima do que deveria, assim como o valor de aluguel a ser pago.
 
Diante disso, ainda conforme a Polícia Federal, os investigados direcionavam parte dos valores obtidos para o pagamento das propinas, ocultando e dissimulando a origem deles.
 
O que dizem os citados

Luiz Flavio Borges D'Urso, advogado de defesa do ex-tesoureiro do PT, afirma que "mais uma vez se verifica um delator, interessado no acordo para diminuição de sua pena, acusar o sr. João Vaccari Neto de forma inverídica e destituída de qualquer prova".
 
"Vaccari jamais foi tesoureiro de campanha política de quem quer que seja, sendo tão somente tesoureiro do PT, partido para o qual sempre solicitou doações legais, as quais foram depositadas em conta bancária, com o devido recibo e prestação de contas às autoridades", disse o advogado.
 
O G1 tenta contato com os outros citados.
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