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09/01/2020 às 15h21min - Atualizada em 09/01/2020 às 15h21min

​Comandante iraniano promete "vingança mais dura" contra os EUA

Após Trump moderar tom, militares do Irã fazem novas ameaças contra os Estados Unidos. Presidente iraniano também alerta para "resposta muito perigosa" se americanos cometerem "outros erros".

- Jornal In Foco
G1
Foto: Reprodução
Um dia após o presidente dos EUA, Donald Trump, moderar seu tom agressivo em relação ao Irã, um comandante iraniano prometeu nesta quinta-feira (09/01) uma "vingança mais dura" pela morte do alto general iraniano Qassim Soleimani, e o presidente do país, Hassan Rohani, alertou para uma "resposta muito perigosa" se os americanos cometerem "outro erro".
 
Os dois lados do conflito pareciam recuar nesta quarta-feira após o Irã lançar uma série de mísseis contra duas bases militares que abrigam tropas americanas no Iraque, sem deixar vítimas. Teerã disse que a ação foi uma retaliação ao ataque americano em Bagdá que matou Soleimani, o arquiteto da estratégia da segurança regional iraniana, no início desta semana.
 
Nesta quinta-feira, no entanto, comandantes militares iranianos adotaram um tom desafiador. Abdollah Araghi, um comandante de alta patente, afirmou que a Guarda Revolucionária do Irã "vai impor uma vingança mais dura ao inimigo em um futuro próximo", de acordo com a agência de notícias iraniana Tasnim.
 
A agência também citou o general Ali Fadavi, comandante interino da Guarda Revolucionária, dizendo que o ataque com mísseis foi "apenas uma das manifestações das nossas habilidades". "Nós enviamos dezenas de mísseis para o coração das bases americanas no Iraque, e eles não puderam fazer nada", frisou.
 
O general Amir Ali Hajizadeh, que lidera o programa aeroespacial do país, sublinhou que, embora o Irã tenha disparado 13 mísseis contra as duas bases, "nós estávamos preparados para o lançamento de centenas". Ele afirmou que o Irã realizou simultaneamente um ataque cibernético contra os sistemas de monitoramento dos EUA.
 
Hajizadeh também repetiu alegações infundadas de que dezenas de americanos foram mortos ou feridos nos ataques. Ele contou que o objetivo da operação não era matar ninguém, mas "atacar a máquina militar do inimigo".
 
Também nesta quinta-feira, Rohani disse que o ataque com mísseis contra bases usadas pelos EUA no Iraque foi um ato legítimo de autodefesa previsto na Carta das Nações Unidas e alertou que "se os EUA cometerem outro erro, receberão uma resposta muito perigosa".
 
Além de lançar o ataque com mísseis, o Irã também deixou de lado seus compromissos restantes previstos no acordo nuclear de 2015, o qual Trump abandonou em maio de 2018. Entretanto, Rohani afirmou nesta quinta-feira que o Irã continuará cooperando com inspetores da ONU.
 
Na quarta-feira, Trump sinalizou que não retaliaria militarmente os ataques feitos contra as bases iraquianas usadas pelos americanos. Isso gerou esperanças de que o impasse atual, que deixou os dois países à beira de uma guerra, pudesse estar diminuindo.
 
Guerra em ano de eleição?
 
Críticos do Partido Democrata nos EUA acusaram Trump de irresponsabilidade no tratamento com o Irã. Mas analistas dizem que, em um ano de eleições, o presidente quer evitar a entrada em um conflito. Por sua vez, Teerã deve tentar evitar o confronto direto com as forças de segurança dos EUA, mas pode apelar a milícias em toda a região.
 
O ataque que matouatingiu Soleimani também matou um comandante de alto escalão das milícias apoiadas pelo Irã no Iraque, conhecidas como Forças de Mobilização Popular, que também juraram se vingar dos EUA. Isso alimentou preocupações de que aliados regionais do Irã pudessem realizar ataques.
 
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, afirmou, porém, que as milícias também parecem estar recuando. "Nós estamos ouvindo algumas informações que sugerem que o Irã está enviando uma mensagem para as milícias não avançarem", afirmou Pence à Fox News, sem dar mais detalhes.
 
Moqtad al-Sadr, um influente clérigo xiita que se opõe à interferência dos EUA e do Irã no Iraque, afirmou que a crise acabou e apelou às "facções iraquianas para serem ponderadas, pacientes e não iniciarem ações militares".
 
A Kataib Hisbolá – uma milícia apoiada pelo Irã e que os EUA culpam por um ataque no Iraque em dezembro – disse que "paixões devem ser evitadas para alcançar os resultados desejados" da expulsão das forças americanas.
 
Enquanto isso, Rohani conversou por telefone nesta quinta-feira com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e pediu ao Reino Unido que denuncie o assassinato de Soleimani.
 
Como chefe da Força Quds da Guarda Revolucionária iraniana, unidade de elite responsável pelo serviço de inteligência e por conduzir operações militares secretas no exterior, Soleimani mobilizou milícias poderosas em toda a região e foi responsabilizado por ataques mortais contra americanos que remontam à invasão do Iraque liderada pelos EUA em 2003.
 
No Irã, ele era visto por muitos como um herói nacional, que desempenhou um papel fundamental na derrota do "Estado Islâmico" (EI) e na resistência regional à hegemonia ocidental. Sem os esforços de Soleimani para liderar forças na Síria e no Iraque contra o EI, "você não teria paz e segurança hoje em Londres", disse Rohani, citado pelo vice-presidente Alireza Moezi, que tuitou sobre a conversa com Johnson.
 
O governo britânico confirmou a ligação, dizendo que Johnson pediu "o fim das hostilidades" no Golfo. Ele frisou que o Reino Unido defende o acordo nuclear e pede que o Irã volte a cumpri-lo totalmente.
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