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18/12/2019 às 08h24min - Atualizada em 18/12/2019 às 08h24min

A História pede: que seja o Liverpool

O Flamengo passou pela antessala do inferno e agora pode reivindicar um revival histórico.

- Jornal In Foco
Globo Esporte
Foto: EFE
A semifinal do Mundial de Clubes é a antessala do inferno para os sul-americanos. É a partida em que só o fiasco está em jogo, visto que a final contra o clube europeu já povoa o inconsciente coletivo desde o título da Libertadores. Fomos criados assim, não arredamos pé. E, diante de tamanha provação, o Flamengo sobreviveu, por fim com certa folga, após um primeiro tempo assustador. Está, depois de 38 anos, novamente às portas do título mundial. Ou pelo menos tentando adivinhá-lo pelo buraco da fechadura.
 
De Zico a Bruno Henrique, é tempo suficiente para desfolhar árvores genealógicas e, mesmo assim, é importante clamar: que seja o Liverpool. Talvez revival, talvez revanche. Não importa. Que os mexicanos não inventem de fazer salseiro no Mundial de Clubes justamente nesses dias que ardem em vermelho e preto. Enfrentar o Monterrey pode valer a mesma coisa em termos práticos, no caso de vitória ou de fracasso, mas a História não admite reticências e precisa ser escrita com maiúscula. Para o rubro-negro, aquele 1981 precisa, de alguma forma, encontrar esse 2019.
 
Se o primeiro tempo acabou com festa na monarquia teocrática da Arábia Saudita, provavelmente uma não-festa por excelência, ao fim da partida a favela estava solenemente aliviada. O Al-Hilal, já se sabia, nessa terça soube-se mais ainda, é um time que está longe de ser figurante, bem treinado e com nomes expressivos como Giovinco, Gomis e Carrillo. Como aconteceu diante do River Plate, após os primeiros 45 minutos o Flamengo saiu bailado, sendo girado no salão com mão na cintura e tudo. Mas, também como na consagração de Lima, ficou provado que este Flamengo, se vivo, é uma coisa muito séria. E o time de Jorge Jesus está sempre vivo. Está sempre a um espasmo da História.
 
 
Não há alegria indisponível quando Bruno Henrique está em campo. Tantos outros jogam, muitos nesse time brilham, mas é ele quem varre o campo com um ancinho em chamas, da Guanabara até a Namíbia, sem tocar o chão quando pisa na área, muito próximo da imortalidade quando sobe para cabecear. O flamenguista hoje está amarrado no tornozelo de Bruno Henrique, sendo arrastado mundo afora em delirante redenção, mesmo que sentado num buteco de São Cristóvão.
 
Esse Flamengo entende o que disputa. Entende, também, a loucura da multidão que o respalda, mas já não se intimida com essa pesada e trovejante responsabilidade, que já vitimou tantas formações rubro-negras -- isso, afinal, é tradição e combustível. De peito aberto, tem se mostrado inabalável mesmo quando surgem esses obstáculos traiçoeiros, diante dos quais o melhor resultado será apenas evitar a quebra brutal de expectativas. O caminho flamenguista de 2019 não admite atalhos: que seja o Liverpool. É o que pede a História. É o que reivindicam a genealogia e a sabedoria ancestral das calçadas dos butecos.
 

Footer blog Meia Encarnada Douglas Ceconello — Foto: Arte

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