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08/11/2019 às 16h33min - Atualizada em 08/11/2019 às 16h33min

​Voto do Brasil a favor do embargo a Cuba é 'quebra de paradigma', diz Ernesto Araújo

Brasil mudou posição diplomática de 1992 e votou contra resolução que condena embargo à ilha. Ministro das Relações Exteriores afirmou que Cuba desempenha um 'papel nefasto' na Venezuela.

- Jornal In Foco
G1
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O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta sexta-feira (8) que o voto contrário do Brasil à resolução que condena o embargo a Cuba na Organização das Nações Unidas (ONU) é uma "quebra de paradigma".
 
Ao votar contra o embargo, imposto pelos Estados Unidos ao país caribenho (veja mais informações abaixo), o Brasil alterou uma posição diplomática adotada desde 1992.
 
A resolução foi votada nesta quinta-feira (7) na plenária da Assembleia-Geral da ONU e foi aprovada por 187 votos a favor, 3 contra, e 2 abstenções. Além do Brasil, os únicos países que votaram contra a resolução foram Israel e os próprios Estados Unidos. Colômbia e Ucrânia se abstiveram.
 
“Nós achamos que essa postura, embora o Brasil sempre rejeite o unilateralismo em qualquer circunstância dessa natureza, nós achamos que é absolutamente imperioso quebrar um paradigma que existe há quase 60 anos no ambiente multilateral, que é um paradigma de um certo e incompreensível prestígio que Cuba goza nesse âmbito”, afirmou Araújo após receber no Palácio do Itamaraty ministros de relações exteriores de países que compõem o Grupo de Lima.

Segundo Araújo, Cuba desempenha um “papel nefasto” na Venezuela e apoia atividades ilícitas, desde a prática de crimes até a o acolhimento de organizações terroristas.
 
"Neste nosso grupo em diferentes momentos nós tratamos especificamente do o papel nefasto que Cuba desempenha na Venezuela. E as distintas atividades ilícitas do regime ilegítima de Maduro em nossa região. Que variam do apoio ao crime até o acolhimento de organizações terroristas", afirmou o ministro.
 
“Achamos que é fundamental em todas as instâncias chamemos a atenção par esse papel que Cuba desempenha há 60 anos, não só na Venezuela, na tentativa de exportar a ditadura para praticamente para toda a América Latina. E nosso voto deve ser entendido nesse sentido", continuou.
 
Brasil vota contra resolução da ONU que condena embargo a Cuba
 
O que é o embargo a Cuba?

O embargo que os EUA mantêm contra Cuba impede a maioria das trocas comerciais. Por meio de duas leis, uma de 1992 e outra de 1996, Washington proíbe envio de alimentos ao país caribenho (exceto em casos de ajuda humanitária) e torna passível de punição judicial empresas nacionais e estrangeiras que tenham relações financeiras com a ilha.
 
De forma mais ampla, o embargo econômico norte-americano a Cuba existe desde 1962. As primeiras medidas começaram antes mesmo, em 1960 – um ano após Fidel Castro tomar o poder.
 
O embargo é renovado anualmente por uma legislação que data de 1917 chamada Lei de Comércio com o Inimigo. Ela deu origem, em 1963, ao embargo contra a ilha comunista, conhecido oficialmente como "Regulação de Controle dos Bens Cubanos".
 
O governo de Barack Obama (2009-2017) chegou a reatar relações com Cuba e, em votação histórica, os EUA se abstiveram na sessão na ONU sobre condenação ao embargo. No mandato de Trump, porém, as sanções ao país comunista foram ampliadas.
 
Venezuela
Em sua exposição durante o encontro de chanceleres, o ministro brasileiro afirmou que a “Venezuela democrática” vive um quadro “dramático” e de “enorme complexidade”.
 
Araújo pediu que o grupo de Lima se mantenha unido e coeso para continuar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro. Também reforçou apoio ao presidente encarregado Juan Guaidó.
 
 
“Vamos continuar com nosso apoio incondicional ao presidente encarregado Juan Guaidó em busca de levar a Venezuela à transição democrática política pacífica, que culmine no fim da usurpação, em eleições justas, livres e transparentes. Eleições sem Maduro. Esse ponto é para nós, absolutamente, fundamental”, declarou.
 
O chanceler peruano, Gustavo Meza-Cuadra, defendeu uma solução pacífica e liderada pelo próprios venezuelanos. Ele também cobrou ajuda da comunidade internacional na superação da crise humanitária do país.
 
O chanceler venezuelano Júlio Borges, designado pelo presidente encarregado da Venezuela, Juan Guaidó, disse que, a exemplo de Cuba nos anos 60, Maduro tenta abrir frentes para ocultar a crise política pela qual passa o país.
 
“Na Venezuela consideramos que o problema não é só apenas uma ameaça potencial à região, mas uma realidade já instalada na região”, disse Borges.
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