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15/10/2019 às 15h17min - Atualizada em 15/10/2019 às 15h17min

Promessa da base alega ter 14 salários atrasados e aciona Justiça; Remo contesta empresário

Rony, de 19 anos, afirma ter salários de 2017 e 2018 não pagos pelo clube. H2R, que gere carreira do jogador, quer rompimento unilateral do contrato e diretor azulino lamenta litígio jurídico

- Jornal In Foco
Globo Esporte
Rony pode deixar o clube de graça após apenas dois jogos pelo time profissional — Foto: Samara Miranda/Remo
Mais uma promessa das categorias de base pode deixar o Remo sem render nada ou muito pouco aos cofres do clube. O nome da vez é Rony, lateral-direito de 19 anos. Ele vinha ganhando destaque ao ser lançado pelo técnico Eudes Pedro em jogos da Copa Verde e agora alega ter 14 meses de salários atrasados, acumulados entre os anos de 2017 e 2018, na gestão do presidente Manoel Ribeiro.
 
A empresa que gere a carreira do lateral, a H2R Manager, encaminhou à reportagem a versão do jogador sobre o caso. O advogado que representa o atleta ajuizou uma ação solicitando a rescisão unilateral do contrato e a Justiça deu ao Remo o prazo de cinco dias para apresentar documentos que comprovem o pagamento dos salários atrasados, uma dívida que estaria entre R$ 15 mil e R$ 20 mil.
 
Apesar de ter feitos jogos pelo time profissional da Copa Verde, Rony ainda pertence ao elenco do time Sub-20 do Leão, que está disputando o estadual da categoria. Por conta do litígio, o lateral não se reapresentou ao clube e viajou a Barcarena, onde a família reside. Ele irá aguardar lá a decisão da Justiça para saber se volta ao Remo ou se ficará livre no mercado. Confira a seguir o posicionamento de cada lado dessa história.
 
 
O que alega o jogador

A H2R Manager gere a carreira de Rony desde e agosto e o posicionamento do atleta foi feito via assessoria de comunicação da empresa. Nas respostas encaminhadas à reportagem, a H2R relatou que, ao fechar contrato com o jogador, ele e mãe relataram que não haviam sido pagos quatro meses de salário de 2017 e dez de 2018, totalizando 14 atrasados.
 
A mãe, Rosa Maria Ferreira, teria tentado contato com membros da diretoria para cobrar os débitos, porém teria ouvido do diretor da base Marcelo Bentes e do diretor jurídico Pietro Pimenta que o clube não tinha dinheiro para quitar a dívida naquele momento e que era uma pendência da gestão anterior, o que fugiria da responsabilidade do atual comando do Remo. Rosa Maria ainda alega ter buscado seis vezes contato com o presidente Fábio Bentes, sem sucesso. Isso fez com que a família procurasse alguém para defender os direitos do atleta.
 

Rony passou a ganhar mais oportunidades com a chegada do técnico Eudes Pedro — Foto: Oswaldo Forte/O Liberal
 
Agora, Rony aguarda a decisão da Justiça. Caso sejam comprovados os pagamentos, a H2R afirma que Rony cumprirá o restante de seu contrato com o Remo normalmente, mas, caso contrário, a empresa irá procurar outro clube para o lateral-direito.
 
Clube desmente empresa
A reportagem conversou com Pietro Pimenta, diretor jurídico do Leão. O advogado explicou que mantém até hoje conversas frequentes com Rosa Maria e Rony, porém em todos os contatos nunca foi tratada a questão dos salários atrasados. Dessa forma, ele desmentiu que teria dito que o clube não iria pagar a dívida.
 
 
– Não procede e inclusive fui pego de surpresa com essa notícia. As conversas que tive com a mãe do Rony foram todas no sentido de ele retomar a carreira. Ele estava afastado, pelo que me falou na época estava até pensando em parar de jogar futebol por todas as dificuldades, parece que teve uma lesão grave antes. As conversas foram nesse sentido – explicou.
 

Pietro Pimenta é o atual diretor jurídico do Remo — Foto: Reprodução/Twitter
 
Segundo Pimenta, a relação que mantém com Rony e a mãe começou com um trabalho de recuperação da carreira do lateral-direito, que chegou a cogitar abandonar os gramados no início de 2019. O Remo teria então arcado com moradia, alimentação e os treinamentos do jogador, que teria abandonado o clube no começo do ano.
 
– Até em função desse afastamento dele era muito difícil precisar sobre atraso salarial e etc., então naquele momento a gente se reuniu e começou a ver formas de viabilizar que ele pudesse voltar a jogar bola, a render, a se preparar. Nesse sentido a gente trouxe ele para morar no Baenão, responsabilizou-se pela moradia, alimentação, suplementação, treino técnico, tático físico e psicológico também, com acompanhamento de coaching – enumerou.
 
"Foi nesse sentido que a gente se esforçou. Era o grande objetivo naquela época e acho que foi alcançado com sucesso, até porque ele conseguiu ter um bom desempenho, o técnico deu oportunidade, ele foi bem e acabou gerando interesse desse empresário, que agora está querendo se valer de algumas situações para tirá-lo do clube" (Pietro Pimenta).
 
O diretor jurídico do Leão ainda afirma que o clube não foi intimado pela Justiça e por isso sequer sabe detalhes da ação ajuizada pela H2R. Ele lamentou o litígio na esfera jurídica e ressaltou que um acordo poderia ter sido feito de maneira amigável, citando como exemplo o zagueiro Kevem e o volante Pingo, que também tiveram salários atrasados em gestão anteriores.
 
– Com relação aos atrasos, estou praticamente diariamente no Baenão e o Rony nunca procurou o Fábio [Bentes, presidente] ou me procurou para reclamar ou pedir qualquer ajuda, pelo contrário, sempre demonstraram muita gratidão. A mãe, inclusive nas nossas conversas, muitas delas pelo celular, sempre mostrou bastante gratidão no nosso trato com ele e pelo que tínhamos feito com o filho. Outros casos de garotos que tiveram atrasos no passado, eles chegavam, conversavam e a gente ia regularizando, como foi feito com o Kevem, por exemplo. Antes dele ser vendido quitamos todo o saldo de atrasados que tínhamos. Pagávamos mês a mês um salário atrasado e o do mês vigente, como acontece hoje com o Pingo, que ainda está com a gente. O Rony nunca nos procurou para tratar sobre isso, então toda essa situação foi uma grande surpresa pela forma como se deu – lamentou.
 
"Tenho falado com o Rony, com a mãe dele, eles são pessoas corretas, de boa índole. Convivi com o Rony, tive bastante contato com a mãe e tenho certeza que eles também não querem que o Rony saia do clube dessa forma, que é muito negativa”
O contrato de Rony com o Remo é válido até janeiro de 2021. Pietro Pimenta afirmou que o clube não forçará a permanência do lateral-direito, mas espera encontrar uma maneira de fazer um acordo com o jogador ou mesmo participar de uma negociação de transferência.
 
 
– Tenho conversado com ele e a mãe que o nosso interesse é resolver isso da melhor forma possível, até porque ele é um ativo do clube, é um patrimônio do clube, tem contrato com o clube e toda essa 'novela' que está acontecendo não é favorável a ninguém, nem a ele e nem ao clube. Se tiver um negócio, uma proposta ou algo nesse sentido que seja interessante para ele, que passe pelo clube e que o clube faça o negócio com ele. Ninguém está querendo prendê-lo aqui ou coisa do tipo, mas que o clube seja valorizado e remunerado pela parcela que tem tanto na formação quanto no contrato atual, na recuperação dele – concluiu o diretor azulino.
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