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07/10/2019 às 09h37min - Atualizada em 07/10/2019 às 09h37min

EUA retiram tropas perto de fronteira turca; Erdogan fala em ofensiva na Síria a qualquer momento

Início da retirada das tropas americanas abre caminho para a ofensiva militar turca contra as milícias curdas. ONU afirmou que se prepara para o pior na região.

- Jornal In Foco
G1
Forças turcas foram vistas no domingo (6) em suas novas posições na província de Sanliurfa, na Turquia, perto da fronteira com a Síria — Foto: DHA via AP
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta segunda-feira (7) que o exército do seu país está pronto para iniciar a qualquer momento operações contra milícias curdas no nordeste da Síria. Enquanto isso, os Estados Unidos começaram a retirar suas tropas perto da fronteira turca, abrindo caminho para uma ofensiva militar e reavivando o temor sobre o retorno do Estado Islâmico à região.
 
"Há uma frase que sempre usamos: podemos chegar a qualquer noite, sem aviso", disse Erdogan.
Atualmente no controle da região, as Forças Democráticas Sírias (FDS), constituídas por uma aliança de combatentes curdos e árabes, disseram buscar a estabilidade, mas prometeram responder a qualquer ataque.
 
As Forças Democráticas Sírias, que receberam apoio da coalizão internacional liderada por Washington, lutaram durante anos contra o Estado Islâmico e conquistaram em março seu último reduto na Síria, em Baguz.
 
A situação reflete uma mudança de estratégia por parte dos Estados Unidos, que abandona os curdos, que foram os principais aliado de Washington na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico. (leia mais abaixo)
 
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que se prepara para o pior na região norte da Síria.
 
"Não sabemos o que vai acontecer (...) nos preparamos para o pior", declarou o coordenador humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Síria, Panos Moumtzis, em uma entrevista coletiva em Genebra.
 
'Limpar de terroristas'

A Turquia está decidida a "limpar" o norte da Síria de "terroristas" que ameaçam sua segurança, declarou o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu.
 
A Turquia classifica como "terroristas" as milícias curdas da Síria, por seus vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), uma organização curda que protagoniza uma guerrilha violenta no território turco desde 1984.
 
Aliados na Otan, Ancara e Washington concordaram em agosto com a criação de uma zona no norte da Síria, ao longo da fronteira turca, na qual a milícia curda YPG seria considerada uma organização terrorista ligada a insurgentes curdos internos. No entanto, a Turquia acusou os EUA de se mobilizarem muito devagar para criar essa zona.
 
Retirada americana

Na noite de domingo, o governo americano anunciou que a retirada permitirá à Turquia realizar "em breve" uma incursão militar "prevista há algum tempo no norte da Síria" e que suas forças armadas não apoiarão nem se envolverão nesta operação.
 
"As forças dos Estados Unidos, depois de derrotar o 'califado' territorial dos Estado Islâmico, não estarão mais na área imediata", afirma um comunicado divulgado pela Casa Branca.
 
Na manhã desta segunda, as Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança de combatentes curdos e árabes, anunciaram em um comunicado que as "forças americanas se retiravam das zonas de fronteira com a Turquia", ao mesmo tempo que a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) confirmou uma retirada das tropas dos Estados Unidos de posições importantes em Ras al Ain e Tal Abyad.
 
 
Medo da volta do Estado Islâmico

Com a retirada das tropas da fronteira e o apoio à incursão turca, os Estados Unidos abandonam os curdos, que foram os principais aliados de Washington na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico durante a guerra da Síria.
 
As Forças Democráticas Sírias advertiram que uma operação turca provocaria o ressurgimento do grupo jihadista e acabaria com "anos de exitosos combates" contra os terroristas, uma declaração rejeitada por Ancara.
 
Alguns líderes do EI poderiam retornar, segundo as FDS, um cenário que também ameaçaria as prisões e os acampamentos que os curdos dirigem e que abrigam vários jihadistas e suas famílias.
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