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06/09/2019 às 10h54min - Atualizada em 06/09/2019 às 10h54min

O que torna o infarto mais letal em pessoas jovens

Segundo cardiologista, jovens não têm proteção extra no coração como mais velhos; Danilo Feliciano de Moraes, filho mais velho do ex-jogador Cafu, morreu após sofrer infarto enquanto jogava futebol.

- Jornal In Foco
G1
Com o tempo, coração forma uma "camada de proteção" de vasos sanguíneos, ausente nas pessoas mais novas — Foto: BBC
A morte do filho do ex-jogador de futebol Cafu por infarto lançou luz sobre um problema de saúde que afeta milhares de brasileiros abaixo de 40 anos, mas ainda é pouco discutido.
 
Danilo Feliciano de Moraes, filho mais velho do lateral-direito pentacampeão mundial, morreu na quarta-feira (04), aos 30 anos, após sofrer um ataque cardíaco enquanto jogava futebol na casa da família, em Barueri, região metropolitana de São Paulo. Amigos tentaram reanimá-lo, sem sucesso.
 
‘Morri por 5 minutos’: os jovens que sofrem infartos fulminantes aos 20 e poucos anos
Em 2015, Danilo já havia sofrido outro infarto, também enquanto jogava futebol.
 
Principal causa de morte no Brasil, doenças cardiovasculares afetam com mais frequência pessoas acima de 40 anos.
 
Esse é o caso dos infartos. No entanto, ataques cardíacos podem ser mais letais nos mais jovens.
 
Proteção com o tempo

Isso porque, apesar de terem normalmente mais força física que os mais velhos para suportar o infarto, os mais jovens não tem uma proteção chamada "circulação colateral", como explica à BBC News Brasil o cardiologista Glauber Fabião Signorini, diretor técnico do Instituto de Cardiologia - Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC), do Rio Grande do Sul.
 
"Chamamos de circulação colateral os pequenos vasos sanguíneos que surgem no coração para compensar a falta de irrigação causada por uma artéria entupida. Os mais jovens não têm esse tipo de proteção, portanto, o infarto tende a ser mais letal nessa faixa etária", explica.
 
 
Segundo o Ministério da Saúde, dos 56.399 brasileiros que morreram por causa de infarto agudo do miocárdio em 2017 (últimos dados disponíveis), 95,6% tinham mais de 40 anos.
Por outro lado, entre aqueles com menos de 40 anos, a faixa entre 30 e 39 anos concentrou a maior parte dos casos (1.831).
 
Segundo Signorini, estima-se que 10% das vítimas morram na primeira hora após o infarto, portanto, essa proteção adicional é valiosa.
 
O especialista diz ainda que 93% dos casos de morte súbita - que ocorre nas primeiras 24 horas após um sintoma - são resultado de doenças isquêmicas agudas.
 
Dores ou desconfortos no peito são os principais sintomas. Falta de ar, suor, dor nos dentes e palidez também devem ser observados.
 

"A obstrução de um vaso impede a irrigação de sangue para a artéria, causando a necrose do músculo cardíaco e gerando instabilidade elétrica, o que pode facilitar a arritmia cardíaca (quando o batimento do coração se torna irregular)", explica.
 
Nesse caso, segundo ele, o tratamento, como manobras de ressuscitação, tem que ser realizado em uma janela de tempo de até, no máximo, oito minutos.
 
Signorini ressalva, contudo, que nem sempre os infartos são causados por obstrução de vasos que irrigam o coração.
 
 
"A vítima também pode ter algum problema que desconheça com alguma válvula cardíaca, por exemplo", acrescenta.
 
Prevenção
Signorini lembra ainda que o histórico familiar é um "importante fator de risco para infartos".
 
"Quem tem pai ou mãe que sofreu infarto, especialmente com menos de 55 anos, deve começar o acompanhamento médico com um cardiologista a partir dos 30 anos", recomenda.
 
Neste sentido, ele também chama atenção para a falta de prevenção no Brasil.
 
"A prevenção é muito baixa aqui, cerca de 2% a 4%. Enquanto isso, esse índice chega a mais de 50% em alguns países desenvolvidos."
 
Outros fatores de risco para o infarto, segundo Signorini, são obesidade, falta de atividade física, tabagismo, estresse, diabetes e distúrbios do sangue.
Doenças genéticas, como a cardiomiopatia hipertrófica, também devem ser levadas em conta.
 
A cardiomiopatia hipertrófica atinge uma em cada 500 pessoas e causa o crescimento das células musculares do coração. As paredes do órgão ficam mais grossas, o que prejudica o fluxo sanguíneo e dificulta o bombeamento do sangue.
 
Sendo assim, a doença pode causar palpitações e arritmias, o que pode levar à morte durante exercícios físicos. Muitas vezes, o paciente é assintomático e desconhece que tem o problema, o que pode agravar o quadro.
 
Usuários de drogas, especialmente as vasoconstritoras, como MDMA e cocaína, também têm mais chances de sofrer infartos, acrescenta Signorini.
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