Jornal In Foco Publicidade 1200x90
13/07/2019 às 10h57min - Atualizada em 13/07/2019 às 10h57min

Chefes de facção no Ceará eram identificados por anéis avaliados em R$ 7 mil, aponta investigação

- Jornal In Foco
G1
Sociedade do Anel: chefes de quadrilha eram identificados por joias de R$ 7 mil cada — Foto: Reprodução
Investigações da Polícia Civil do Ceará e do Ministério Público do Ceará (MPCE) contra dois presos descobriram que os principais líderes de uma facção criminosa cearense utilizam anéis templários de ouro, que custam R$ 7 mil cada, como forma de identificação dos chefes do bando. Dentre as seis joias, duas foram apreendidas. Os criminosos são responsáveis pelas maiores chacinas ocorridas no Ceará e iniciaram "guerra" entre traficantes que resultou no recorde de homicídios do estado, em 2017.

A informação foi obtida a partir da prisão de Francisco de Assis Fernandes da Silva, o "Barrinha" ou "Guardião", e Francisco Tiago Alves do Nascimento, o "Magão" ou "Juara", em apartamentos de luxo no Bairro Boa Viagem, em Recife. As prisões ocorreram em abordagens da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), em 13 e 14 de abril deste ano. Os advogados de defesa da dupla não foram localizados.

Com os dois suspeitos, que já tinham mandados de prisão em aberto, foram apreendidos uma arma de fogo, munição, documentos falsos, dezenas de cartões de crédito, veículos e dois anéis templários.

Os anéis, semelhantes, chamaram a atenção das autoridades. Com a extração de dados dos aparelhos celulares dos suspeitos, autorizada pela Justiça, os investigadores descobriram que "Barrinha" encomendou a fabricação dos seis anéis, para os membros da alta cúpula da facção, através do aplicativo WhatsApp. Cada joia vale aproximadamente R$ 7 mil - o que totaliza o investimento de R$ 42 mil - e carrega a sigla do proprietário.


"Barrinha" e "Magão" são os donos das duas joias já encontradas pela polícia. Outros três anéis templários, que ainda não foram localizados, pertencem a líderes da facção que já estão presos: Marcos André Silva Ferreira, Yago Steferson Alves dos Santos e Deijair de Souza Silva. A peça restante é de um chefe identificado apenas como "Siciliano", de quem os investigadores ainda não decifraram a identidade.

Denunciados pelo MPCE



'Sociedade do Anel' é responsável pela matança no clube Forró do Gago, a maior chacina já ocorrida no Ceará — Foto: SVM

Após a prisão, o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPCE, denunciou Barrinha pelos crimes de organização criminosa, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, receptação e uso de documento falso, em 7 de maio deste ano; e Magão, por organização criminosa, tráfico de drogas e uso de documento falso, três dias depois.

O primeiro respondia processos por homicídio qualificado, crimes do Sistema Nacional de Armas, extorsão mediante sequestro e roubo; e o segundo, por tráfico de drogas, homicídio qualificado, roubo e receptação.

Barrinha era procurado pela Draco por participação na matança de 14 pessoas no Forró do Gago, em 27 de janeiro de 2018, episódio que ficou conhecido como Chacina das Cajazeiras. As apurações policiais apontam que ele fugiu para Natal (RN) e, depois, para Recife, onde mantinha uma vida de ostentação. Magão seguiu o comparsa e também usufruía do luxo, enquanto realizava negócios a distância para que a droga chegasse ao Ceará.


Outros donos dos anéis


Chefe de facção membro da 'Sociedade do Anel' é preso no Nordeste — Foto: Kid Júnior/G1 

Deijair, o De Deus, é considerado pela Polícia o "número 1" do grupo criminoso e o principal mandante da Chacina das Cajazeiras, a maior matança já realizada no Ceará. Ele foi detido em um apartamento de luxo, no Bairro Cocó, em Fortaleza, em 19 de fevereiro de 2018, e depois transferido a um presídio federal. Ele estava solto devido à compra de um habeas corpus por R$ 150 mil, concedido por um desembargador, em um plantão do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) em 2013 - fato descoberto na Operação Expresso 150, da Polícia Federal.

Conforme a investigação, Branquinho costumava ostentar com veículos de luxo e foi capturado em uma academia de ginástica na Aldeota, em Fortaleza, em 10 de outubro último. Ele responde a processos por homicídio, organização criminosa, crimes do Sistema Nacional de Armas, roubo e furto.

Já Yago "Gordão" foi preso em um imóvel de alto valor, na Praia de Ponta Negra, em Natal (RN), em dezembro do ano passado. Ele esteve no Rio Grande do Norte com Barrinha e Magão antes de ser detido. Contra ele, há processos por homicídio e crimes do Sistema Nacional de Armas.

A rota do tráfico de drogas


Dinheiro apreendido com chefe de facção no Ceará — Foto: Polícia Civil/Divulgação

A extração de dados dos aparelhos celulares dos presos também revelou a rota do tráfico internacional de drogas que traz cocaína pura para a facção, no Ceará. O fornecedor do ilícito é o cartel de Cali, da Colômbia.

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Jornal In Foco Publicidade 1200x90