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19/07/2017 às 16h34min - Atualizada em 19/07/2017 às 16h34min

“Eu já me sinto responsável por esse município” diz tenente Guimarães, novo comandante da PM em Canaã.

17º pelotão troca de comando em Canaã dos Carajás

Kleysykennyson Carneiro - Jornal In Foco
A equipe do Jornal In Foco foi recebida pelo novo comandante da Polícia Militar em Canaã dos Carajás na manhã desta quarta-feira (19) para uma entrevista. De sorriso aberto, Rafael dos Anjos Guimarães, tenente da Polícia Militar, abriu as portas do seu gabinete e falou da sua história, objetivos e sobre o peso do desafio de comandar a Polícia Militar em um município que sente os impactos negativos da mineração. Entre estes impactos, sem sombra de dúvidas, o aumento da violência nos últimos anos foi sentido pela sociedade canaense. O tenente se mostrou disposto a fazer um bom trabalho na cidade e, mesmo com uma pilha imensa de papéis para assinar e carimbar, conversou com nossa reportagem.
 
Em Canaã desde o dia 03 de julho, o comandante acredita que a sociedade é fundamental para a que uma segurança pública mais eficiente aconteça. O tenente disse que o IDURB foi fundamental no auxílio à PM para um mapeamento mais completo das áreas com maior incidência de crimes na cidade. Além disso, o novo comandante disse já se sentir responsável por Canaã.
 
Jornal In Foco: Tenente, seja bem-vindo à Canaã. Gostaria de saber um pouco mais sobre a sua história dentro da corporação.
 
Tenente Guimarães: Obrigado. Bom, ingressei na Polícia Militar no ano de 2009, como aluno-soldado. Finalizei o meu curso em junho de 2010 e servi no 1º Batalhão até janeiro de 2014. Depois disso, ingressei na Academia, no curso de formação de oficiais, de onde saí em dezembro de 2016. Após o termino do curso, fui deslocado para Parauapebas, no 23º Batalhão, onde passei 7 meses. E agora estou em Canaã.
 
Jornal In Foco: E o senhor já conhecia Canaã? E o qual a sua opinião sobre a cidade?
 
Tenente Guimarães: Eu já conhecia o município. Vim ajudar o major algumas vezes em alguns levantamentos. A cidade é muito boa. Do ponto de vista da segurança pública, a criminalidade está em um parâmetro aceitável. Nós temos índices baixos, em relação à média nacional, a média estadual e comparando com outros municípios. Com quantitativo populacional que nós temos aqui, em relação ao nosso efetivo, a nossa incidência criminal é bem baixa.


 
Jornal In Foco: Os índices são baixos, mas, se compararmos com o que tínhamos 2 anos atrás, os números têm aumentado...
 
Tenente Guimarães: Isso depende do ponto de vista. Aumentado como? Muitas vezes a pessoa fala que há crimes na rua dela, mas se ela não prestar ocorrência não tem como a gente saber.
 
Jornal In Foco: Sim, concordo. Mas o número de ocorrências têm aumentado também. Acredito que isso aconteça pelos impactos negativos da mineração.
 
Tenente Guimarães: Na verdade, crimes sempre existirão na sociedade. No entanto, o estado propõe uma gestão por resultados, ou seja, é o programa de redução estadual da criminalidade. Então, nós definimos metas e essas metas são feitas a cada seis meses e nós conseguimos acompanhar todos os meses a incidência criminal do tipo roubo, homicídio e latrocínio em todas as cidades do estado do Pará. Para se ter noção, no mês de maio nós tivemos 47 roubos registrados em Canaã, já no mês de junho foram 37, ou seja uma redução de registros. Mas esses crimes que acontecem e não são registrados acabam ficando de fora da estatística e não conseguimos fazer a mancha criminal. O bairro pode ser o mais perigoso de Canaã, se não houver registros, não vai haver operações lá, vai haver a ronda normalmente, mas as operações especiais não.
 
Jornal In Foco: Qual o efeito do relato de uma pessoa por boletim de ocorrência, seja virtual ou físico, o que isso representa para a polícia?
 
Tenente Guimarães: Ele representa todo o nosso planejamento. Tempos atrás a polícia trabalhava de maneira empírica, hoje isso não existe mais. Nosso trabalho agora é científico, todo o nosso planejamento agora se baseia na incidência criminal, pois como eu posso montar operação sem saber qual o tipo é necessário? Eu preciso entender qual a incidência criminal daquele bairro pra poder dar o devido “remédio”. Às vezes nem é questão de polícia, às vezes é uma palestra com os bombeiros, conselho tutelar, etc. Por isso é importante que a população comunique.
 
Jornal In Foco: É verdade. E muitas pessoas não sabem ainda que mesmo o boletim online, que pode ser feito em casa ou em uma Lan House, chega até vocês, não é?
 
Tenente Guimarães: Isso mesmo. A gente consegue verificar a tabulação desses dados através dos boletins físicos ou virtuais. Fica o alerta também para que não se crie ocorrências. Por exemplo, a pessoa perde a carteira e diz que foi roubada. Essa falsa comunicação de crime também prejudica o nosso trabalho.
 
Jornal In Foco: Ontem (18) foi realizada uma reunião para falar sobre a implantação do Centro Integrado de Operações (CIOP), o senhor poderia falar um pouquinho sobre a importância desse centro para o município?
 
Tenente Guimarães: Sim, sem dúvida nenhuma ele vai facilitar o acesso da população aos órgãos. Ele não vai ter que ter um número pro código de postura, um número para o conselho tutelar, um número para o Corpo de Bombeiros, um número para a Polícia Militar... Ele não vai precisar ligar para seis serviços diferentes para ser atendido. Quem vai definir o órgão que atenderá a ocorrência será o nosso operador, que será treinado para fazer o filtro dessas ocorrências. Nós vamos ter esse registro geral e a integração entre os órgãos.
 
Jornal in Foco: O senhor poderia falar também sobre a importância dessa comunicação, que hoje não existe, entre os órgãos? Pois caso tivesse havido comunicação no dia do assalto à Caixa Econômica, os bombeiros não teriam ficado naquela situação se houvesse a comunicação por rádio...
 
Tenente Guimarães:  Isso. Nós observamos também que o modos operante das quadrilhas de roubo a banco e não vêm de maneira aleatória fazer assaltos, pois são organizados, a última que tivemos foi em Jacundá. Lá eles derrubaram a antena da operadora de celular, ou seja a guarnição ficou sem comunicação. Não podemos depender apenas de um instrumento de comunicação. Se existisse essa comunicação, em um fato desses como um roubo a banco, poderíamos alertar outros órgãos para evitar a área que estivesse acontecendo o fato e prevenir qualquer situação que possa comprometer os agentes públicos e também a população.
 
Jornal In Foco: Bom, nesse período de férias as pessoas viajam, casas ficam sozinhas e roubos podem acontecer. Existem algumas medidas que a sociedade possa vir a tomar para se prevenir?
 
Tenente Guimarães: Sim, eu costumo dizer que o “principal guardião da sociedade é a sociedade”. Quem conhece a rotina do seu vizinho melhor que o seu vizinho? Seja o vigilante da sua rua, faça uma rede de proteção. Suspeitou de algo? Ligue para a Polícia Militar. Informe a PM, pois somos o órgão responsável por isso. Outras medidas que podem ajudar são as convencionais: rede elétrica, câmeras, animais... Tudo ajuda.
 
Jornal In Foco: E para finalizar, o que se pode esperar do comando do tenente Guimarães em Canaã dos Carajás?
 
Tenente Guimarães: Eu cheguei na cidade e espero poder proporcionar uma vida melhor para a sociedade, mesmo porque estou instalado com a minha família. E eu quero o melhor para o município, apesar de não ser daqui, eu abraço a cidade e já gosto daqui. Eu já me sinto responsável pelo município, desde o momento em que pisei aqui pela primeira vez. Mas eu não vou conseguir fazer esse policiamento sozinho, quem acha que vai fazer algo sozinho está fadado ao insucesso. Com o crescimento da população, crises sociais, econômicas, tudo acaba refletindo na segurança pública. O meu principal discurso é a parceria. Parceria entre a polícia e a sociedade. Eu espero contar com o apoio dos órgãos, dos veículos de informação e diversos setores da sociedade também. Venha, nos procure, estamos dispostos a ajudar da melhor forma possível.


 
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