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08/03/2019 às 10h07min - Atualizada em 08/03/2019 às 10h07min

Matéria Especial em alusão ao dia 08 de março: Dia Internacional da Mulher

“Ao fim do dia, podemos aguentar muito mais do que pensamos que podemos”. (Frida Kahlo)

Stephanny Sousa - Jornal In Foco
E no dia que é comemorado o dia Internacional das Mulheres, nós do Jornal In Foco temos uma matéria especial com a professora Ana Cecilia explicando sobre a importância da luta feminina e o por que é preciso empoderar mulheres.

Leia
 
1-Atualmente, existem várias organizações feministas no Brasil que exaltam o empoderamento, mas o que realmente quer dizer o termo?

Ana Cecília: É demasiadamente necessário que saibamos o significado do termo “Empoderamento”, pois trata-se de uma palavra que é muito utilizada, porém nem sempre compreendida. Trata-se de um termo que tem origem na língua inglesa “empowerment”, e está relacionado a prática da ação de promover a conscientização de uma sociedade, para que esta realize mudanças políticas, culturais, sociais e econômicas. No início das primeiras décadas do século XXI, o termo “empoderamento” passou a ser um pilar nas lutas dos movimentos socias, principalmente do feminismo, assim promover a equidade de gêneros, sem discriminação e consequentemente ampliando sua confiança e amor próprio.

2- Qual a necessidade em empoderar mulheres? 

Ana Cecília:
O empoderamento das mulheres é imprescindível, pois cabe a nós, e não ao antigo paternalismo, decidirmos a direção de nossas vidas e nossas escolhas. A aquisição de conhecimento e estudo nos fortalece para termos autonomia, para nos sentirmos fortes e confiantes, tanto na nossa vida pessoal, quanto profissional. Mulheres empoderadas, além de transformarem suas próprias vidas, colaboram para o empoderamento e desenvolvimento de toda uma sociedade. As mulheres precisam ser estimuladas a estudar e a acreditar que podem ser bem-sucedidas em todas as profissões. Empoderar as mulheres é permitir que elas sejam quem quiserem, significa superar falsas e absurdas diferenças enraizadas na sociedade, e que por muito tempo não foram questionadas. E se hoje você está nessa posição, me entrevistando, e eu sou livre para falar o que penso, devemos agradecer a inúmeras mulheres que lutaram por esse momento. É vergonhoso saber que as mulheres ainda ganham, em média 30%, a menos do que os homens para exercer a mesma função; nós ainda acumulamos funções, cuidamos dos filhos e trabalhamos; sem falar no assédio moral, verbal e sexual que somos submetidas, é muito importante que as mulheres não tenham medo de denunciar. Não se calem jamais.

3- Qual é o real propósito da luta feminina?

Ana Cecília: Não falo em “real” propósito, mas sim em “REAIS”, no plural, pois são muitos, são vários propósitos, principalmente alicerçados em fazer com que todas as mulheres (eu digo TODAS, porque tem muita mulher que é contra o feminismo), tenham uma vida digna em todos os aspectos! Mas essa luta não para nunca, pois desde o movimento das “sufragistas”, encabeçado pela inglesa Emmeline Pankhurst durante a Revolução francesa no século XIX, as quais lutaram arduamente sobre os nossos direitos políticos, pois antigamente as mulheres eram consideradas “não aptas”. O movimento feminista continua a lutar pela igualdade salarial, tratamentos, oportunidades no mercado de trabalho, quebras de padrão de beleza, maior participação das mulheres no cenário político e principalmente combater e exterminar todo e qualquer ato de assédio e violência contra mulher. No dia 26 de fevereiro o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgou uma pesquisa que nos apresentou os seguintes dados: “aproximadamente uma em cada quatro mulheres brasileiras com mais de 16 anos sofreu agressões nos últimos doze meses”. Veja que absurdo? E o pior é saber que, a maioria das agressões ocorreu em casa (42%), enquanto 29% na rua e o restante em ambientes como o trabalho, um bar, balada... É inadmissível que o nosso próprio lar seja um local inseguro de se viver, não existe mais isso de “crime passional”.

4- Levando em consideração tudo o que já foi conquistado pelos movimentos feministas, e a grande repercussão que este causa dentro da sociedade, quais mudanças podemos esperar para as futuras gerações?

Ana Cecília:  
Se nós formos fazer uma comparação do movimento feminista do século XIX ao atual, teremos inúmeras ampliações de ideias, pois ainda bem que os tempos mudaram e as pessoas também. Na década de 30, as mulheres começaram a se conscientizar de que o seu papel social não estava somente restrito apenas à vida doméstica e ao cuidado com a família, mas também aos movimentos políticos, ideológicos, sociais e filosóficos.
Então, se muitas mulheres adentraram em espaços que antes eram de exclusividade masculina, se muitos paradigmas foram postos ao chão, e nós somos a maioria nas universidades e a maioria com nível superior, cabe a nós, mulheres, não deixarmos o movimento morrer, afinal trata-se da geração dos nossos filhos e filhas, netos e netas, é importante desprezarmos o  título de “sexo frágil” e enfatizar na igualdade de gêneros. A minha posição de educadora é mostrar que todos merecem respeito, independente de gênero, cor, raça, sexualidade. Eu faço questão de explicar para o meu filho: que homem chora sim; que meninas precisam ser respeitadas; que o “NÃO É NÃO”; que errado uma menina ou mulher ouvir que não pode fazer ou falar ou usar algo por ser menina, enquanto homens e meninos recebem uma permissão para fazer, falar, usar, beber, não se controlar, ganhar um salário maior, não cuidar da casa e filhos, porque são homens ou meninos. Isso é machismo! E o machismo é cultural! Não se aprende na escola... Eu fui criada e encorajada desde pequena a ser independente, a estudar e concluir o nível superior, e ir além. Pesquisas científicas comprovam que investir na igualdade de gênero e no empoderamento de mulheres e meninas atua como força intensificadora em todos os outros objetivos de vida que elas tenham. E estas, quando encorajadas por suas famílias a estudarem tendem a se casar mais tarde, têm menos filhos, proporcionam uma melhor qualidade de vida para suas famílias e ganham mais renda do que mulheres com pouca ou nenhuma escolaridade.
Infelizmente, ainda levará um tempo para vermos essas mudanças acontecerem, o importante é criarmos novas possibilidades para o futuro que desejamos. Cabe a mim e cabe a você.

 
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