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30/01/2019 às 11h12min - Atualizada em 30/01/2019 às 11h12min

Maduro diz que está pronto para conversar com a oposição e fala em antecipar eleições legislativas

Venezuela deve enfrentar uma nova manifestação convocada pelo autoproclamado presidente interino, Juan Guadió, nesta quarta.

- Jornal In Foco
G1
Nicolás Maduro pede 20 anos de prisão para manifestantes violentos — Foto: Manaure Quintero/Reuters
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou em uma entrevista divulgada nesta quarta-feira (30) que está pronto para dialogar com a oposição e se mostrou favorável à organização de eleições legislativas antecipadas para superar a crise política.
 
Desde segunda-feira (21), o país enfrenta uma onda de protestos que já deixou 40 mortos e 850 detidos, segundo a ONU. O país deve enfrentar nesta quarta uma nova manifestação da oposição, convocada pelo autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, que pediu sanções à União Europeia.
 
"Estou disposto a comparecer à mesa de negociações com a oposição, para falar sobre o bem da Venezuela, pela paz e seu futuro", declarou Maduro à agência de notícias russa RIA Novosti. A conversa poderia contar com a presença de mediadores internacionais.
 
"Seria muito bom organizar eleições legislativas antes, seria uma boa forma de discussão política, uma boa solução através do voto popular", afirmou Maduro.
O Parlamento da Venezuela é, desde o início de 2016, controlado pela oposição a Maduro. No entanto, em agosto de 2017 a Assembleia Constituinte, instaurada como uma solução para a crise e formada apenas por chavistas, assumiu seus poderes legislativos. Neste ano, o Parlamento elegeu Juan Guaidó como seu presidente e declarou Maduro "usurpador", mas teve seus atos anulados pelo Tribunal Supremo de Justiça, de linha governista.
 
Na entrevista, Maduro também rejeitou o ultimato de países europeus por novas eleições e destacou que "as eleições presidenciais aconteceram há menos de um ano, há 10 meses".
 
"Não aceitamos ultimatos de ninguém no mundo, não aceitamos a chantagem. As eleições presidenciais aconteceram na Venezuela e se os imperialistas querem novas eleições que esperem até 2025", completou Maduro.
O apelo por eleições "livres e credíveis" foi feito pelo União Europeia logo depois de o presidente da Assembleia Nacional e líder da oposição, Juan Guaidó, autodeclarar-se presidente interino da Venezuela na quarta-feira (23).
 
 
Conversa com Trump

Maduro disse ainda que está "disposto a discutir pessoalmente com Donald Trump, em público, nos Estados Unidos, na Venezuela, onde quiser, com qualquer programa" de debate.
 
Porém, considera "complicado atualmente" que isso aconteça, porque, segundo Maduro, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, "proibiu Trump de iniciar o diálogo".
 
Bloqueio a Guaidó
A disposição de Maduro para conversar com os opositores foi divulgada horas depois de o Tribunal Supremo da Venezuela congelar as contas de Guaidó e proibir o opositor de deixar o país.
 


Juan Guaidó discursa para multidão em Caracas, em imagem de arquivo — Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters
 
Mais cedo, Guaidó enviou uma mensagem pelo Twitter para a Suprema Corte venezuelana em resposta ao pedido do procurador, que solicitou o bloqueio de seus bens:
 
"A quem estiver hoje na sede do TSJ: o regime está na etapa final. Isso é inevitável, e vocês não precisam se sacrificar com o usurpador e sua turma! Pensem em vocês, suas carreiras, no futuro de seus filhos e netos que também são os nossos. A história vai reconhecê-los".
Pedido de sanções
Juan Guaidó pediu que a Alemanha e a União Europeia apliquem sanções concretas a Nicolás Maduro.
 
"Precisamos de sanções como as impostas pelos Estados Unidos. Temos uma ditadura e deve ser feita pressão. Cada vez mais pessoas são assassinadas. Além disso, está claro que o regime de Maduro é absolutamente corrupto", disse Guaidó ao jornal alemão "Bild".
 
O líder da oposição também convocou manifestações para esta quarta-feira (30) e sábado (2) com o objetivo de pedir o apoio dos militares a sua iniciativa de montar um governo provisório que conduza à realização de novas eleições.
 
No domingo, Guaidó solicitou uma visita da alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, para investigar as recentes mortes no país.
 
Embora a cúpula militar tenha classificado de "engano", Guaidó insistirá durante o dia na oferta de anistia aos militares que colaborarem com uma transição, em uma tentativa de romper a principal base de apoio de Maduro, as Forças Armadas.
 
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