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12/07/2017 às 22h32min - Atualizada em 12/07/2017 às 22h32min

Por que Canaã não foi beneficiada com o lote de madeiras do Projeto S11D? Entenda

A Associação de Moveleiros de Canaã dos Carajás não foi beneficiada com as madeiras da supressão do Projeto S11D. Mas por qual motivo? Fique sabendo.

Kleysykennyson Carneiro - Jornal In Foco
Sem sombra de dúvidas, uma das notícias que mais repercutiu em todo sul e sudeste paraense na última semana, foi a doação de madeiras para a Cooperativa de Indústria Moveleira e Serrados (Coopmasp) de Parauapebas. A madeira, que veio do Projeto S11D, localizado em Canaã, foi doada pela Vale e gerará cerca de 400 empregos em Parauapebas. 2 mil m³ foram destinados à cooperativa do município. O ato gerou uma série de questionamentos e até polêmicas. Por que a madeira foi doada para outro município? Por que não beneficiar a associação local? Qual o verdadeiro motivo da Vale ter escolhido o município vizinho para a doação?
 
Para quem não sabe, a Associação de Moveleiros de Canaã dos Carajás existe desde agosto de 2016 e já conta com 49 associados. Presidida pelo microempreendedor Gildenor Oliveira, a instituição busca melhorias no trabalho de 5 tipos de microempreendedores da construção civil: os marceneiros, os madeireiros, os serralheiros, os gesseiros e ainda os microempreendedores que trabalham com os pré-moldados.
 
Segundo a Vale, a Associação local não foi beneficiada com o lote de madeiras por não ter as documentações necessárias para tanto. A mineradora informou à nossa equipe que o CEPROF (Sistema de Cadastro de Consumidores de Produtos Florestais) ainda não está disponível para a instituição da cidade, por isso a escolha de Parauapebas como beneficiária deste lote de madeiras. A cooperativa de lá já possui toda a documentação necessária para a operação e já existe há vários anos.
 
Gildenor Oliveira, presidente da associação, conversou com a nossa equipe de reportagem e falou um pouco sobre a situação atual da associação que preside. Segundo ele, a madeira de supressão do S11D existe desde 2013 e a associação surgiu visando a busca dessa madeira e o que o objetivo final da fundação seria auxiliar no desenvolvimento da região gerando emprego e renda. O presidente disse ainda que a doação para a cooperativa de Parauapebas surgiu por indicação dele, já que a associação local ainda está lutando pela documentação necessária para a operação da madeira.  O objetivo, contou Gildenor, é transformar em cooperativa a iniciativa de Canaã e, assim, poder tratar de forma mais eficiente os seus associados. “Ainda esse ano a intenção é transformar a associação em cooperativa e a intenção não é ajudar só os marceneiros, mas sim todas essas 5 áreas de construção civil. Vamos lutar por um pedaço desse distrito industrial, localizar esse povo desse segmento. A cooperativa pode servir, inclusive, como avalista do microempreendedor, uma vez que ele não tenha condições de conseguir um empréstimo junto ao banco, nós o avalizamos” disse o presidente. “Para a gente conseguir a documentação necessária, precisaríamos ter uma serraria montada. Nós já conseguimos, com um empresário, uma serraria completa. Ela nos foi doada. E acredito que até o final do ano nós já teremos essa serraria montada, documentada e funcionando” afirmou Gildenor.
 
Sobre os próximos passos da associação, Gildenor disse: “Até o dia 20 de julho, a ideia é que a gente se cadastre na cooperativa de Parauapebas. De início, agiremos assim para fazermos o uso desse lote. Cerca de 1000 m³ serão direcionados para Canaã já desse lote. Cada associado terá uma cota-parte de R$ 6.500,00. Assim que estivermos documentados, sairemos da cooperativa de Parauapebas e este dinheiro nos será devolvido. A Vale tem 4000 m³ lá em cima, já documentados, a ideia é que os próximos 2000 metros venham já para a nossa cooperativa, por isso é fundamental que já estejamos documentados.”
 
“Nenhum vereador jamais procurou a associação para comprar essa briga. O secretário de desenvolvimento econômico do município, Jurandir José, vem nos auxiliando bastante na nossa luta e tem sido nosso intermediário junto à Vale e à prefeitura” relatou o presidente. “2 meses atrás o vereador Wilson nos procurou e vem nos ajudando na nossa luta também.” Cerca de 400 empregos diretos e indiretos serão gerados no município pela cooperativa, segundo o presidente, a Vale possui hoje 9000 m³ de madeira em pátio e isso geraria para a economia local cerca de R$ 5 milhões, em madeira já beneficiada.
 
O secretário de desenvolvimento econômico, Jurandir José, também falou com a nossa reportagem sobre o assunto: “Toda essa madeira, para a Vale, faz parte da Floresta Nacional e compreende Canaã, Parauapebas e Marabá. Para a Vale, a madeira é tratada por lotes e não por regiões e poderia ter ido para Parauapebas, Marabá e Canaã. O fato de ela estar na área de Canaã não significa, necessariamente, que ela tenha que vir para cá. Então, como a entidade local não estava com a documentação pronta, a beneficiada acabou sendo Parauapebas. O que nós poderíamos fazer? Usar a força política e fechar o asfalto? Parar a Vale se fosse preciso? Poderíamos fazer. A madeira ficaria lá estocada até a associação ter toda a documentação pronta e isso poderia levar 6 meses, 1 ano... E temos um detalhe: no Projeto Salobo (na região de Marabá) tem cerca de 60 mil m³ de madeira, inclusive de melhor qualidade, e essa madeira de lá um dia pode vir para cá, mas caso fizéssemos isso, de fechar as portas para eles, essa madeira não viria jamais para cá, pois eles também fechariam as portas para nós” explicou o secretário. “O município tem total interesse que a cooperativa local esteja funcionando, pois emprego e renda serão gerados no município e ainda há o fomento de toda a região” disse Jurandir. O secretário garantiu que a pasta auxiliará a associação na jornada para se tornar cooperativa e, que após isso, ela será beneficiada com o Fundo de Desenvolvimento do município. Segundo o secretário, a associação já foi beneficiada com uma área e depois que estiver em pleno funcionamento, haverá um acompanhamento e uma série de cursos no auxílio aos microempreendedores será feita.
 
A madeira, segundo Gildenor e Jurandir, beneficiará a cooperativa por cerca de 15 anos. “A nossa ideia é que após esse período de uso, nós façamos um replantio de mudas. Assim, teremos madeira por várias gerações” concluiu Gildenor.
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