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07/08/2018 às 10h10min - Atualizada em 07/08/2018 às 10h10min

Cyborg pede bolsa maior contra Amanda: "Quero ser recompensada por esperar"

Dona do título dos penas não esconde revolta por aguardar por luta em dezembro com a campeã dos galos: "Se querem que eu fique esperando nove meses, a bolsa não pode ser essa que eu tenho"

Camilo Pinheiro Machado, Evelyn Rodrigues e Marcelo Barone, Los Angeles, EUA - Jornal In Foco
globoesporte.globo.com
Cris Cyborg avisa que luta com Amanda Nunes ainda está em negociação (Foto: Marcelo Barone)
Não espere meias palavras de Cris Cyborg. Em negociação para realizar a luta contra Amanda Nunes em que defenderia seu título peso-pena (até 65kg), a lutadora de 33 anos continua disparando contra a campeã dos galos, aponta supostas incoerências da rival e avisa que o duelo só sairá do pael se for bem recompensada - financeiramente. O tempo de espera pela luta, que pode acontecer em 29 de dezembro, no UFC 232, como quer a "Leoa dos Ringues", é o principal motivo para isso.
 
- Pelo meu ciclo, eu deveria lutar agora em julho. Já aceitei lutar com a Amanda três vezes, e a Amanda disse que quer lutar em dezembro. Respeito a decisão dela, mas ela me desafiou em janeiro. Acho muita falta de respeito eu ter que esperar nove meses. O UFC está negociando essa luta, mas não tem nada certo. Se eles querem que eu fique esperando nove meses, a bolsa não pode ser essa que eu tenho para receber. Não tenho como lutar contra a Amanda recebendo menos do que recebi na última luta, contra a Yana (Kunitskaya). Esse é o auge da minha carreira e ficar um ano fora não é bom para mim, nem para os meus fãs que gostam de ver as minhas lutas. Quero lutar antes (de dezembro), mas meu agente está negociando. Vou ficar sentada por nove meses? Eu só recebo quando luto - afirmou a curitibana, em entrevista exclusiva ao Combate.
 
A lutadora rebateu as justificativas usadas por Amanda Nunes para recusar o duelo antes, e voltou a ressaltar que não pode ficar nove meses sem lutar. A última vez de Cris Cyborg no octógono foi em março, quando defendeu o cinturão dos penas pela segunda vez, diante de Kunitskaya, no UFC 222.
 
- A Amanda falou primeiro que estava lesionada, e pediu seis meses para se recuperar. Pedi ao UFC o papel do médico dizendo isso, porque quero saber, mas não recebi nada. E agora ela já está falando que não foi por causa da lesão. Porque surgiu uma luta dela contra Holly Holm antes desses seis meses? Então, com ela (Holly) não tem lesão, mas comigo tem lesão? Como funciona isso? Por isso que acho que não tem nada de verdade nessa história. Ela quer um tempo também, mas eu a vi na luta da Nina (Ansaroff, namorada de Amanda) que ela a pegou no colo, e pela entrevista está parecendo que ela vai tirar umas férias com a Nina. E ela falou: "Ah, no nosso esporte nosso trabalho é lutar”. Lógico que é, e eu quero trabalhar, mas se ela quiser tirar férias, tudo bem, mas quero lutar antes. Eles têm que me dar algo para eu não esperar todo esse tempo.
 
 

Quem leva? Amanda Nunes e Cris Cyborg estão em negociação para luta no UFC 232 (Foto: Infoesporte)  

O contrato de Cyborg com o UFC tem validade até março de 2019 ou mais duas lutas, o que acontecer primeiro. Reticente quanto ao futuro, ela não apostaria em mais dois confrontos até o prazo final no próximo ano. Cyborg destaca a importância que é poder lutar, já que só recebe se estiver em ação.
 
- Acredito que será só essa luta da Amanda, não sei como vai ser para frente, mas se eles me deixarem nove meses sem lutar certamente não é um ponto positivo na negociação. Vou deixar nas mãos dos meus agentes. Na verdade, quero ser compensada por esperar nove meses. Não tem problema se eles querem fazer o dinheiro que eles querem em dezembro, tudo bem, mas eu quero ser recompensada por esperar nove meses porque é o justo. Lutei em março e tenho contas para pagar. Eu não tenho patrocínio que me banque, eles que me pagam. E eles que fecham nossos patrocínios. Sou campeã do UFC e não tenho patrocínio, vou ter que esperar nove meses para lutar e tenho contas para pagar todo mês. Se eles querem que eu espere até dezembro, tem que valer a pena.
 
O UFC São Paulo acontece no dia 22 de setembro, em pouco mais de um mês, mas Cyborg se diz pronta para lutar no Brasil e abriria mão até de uma quantia financeira, já que o card não tem pay-per-view. Depois disso, garante que enfrentaria Amanda no dia 29 de dezembro.
 
 
- Todo mundo está falando: "Ah, Cris, se você lutar em São Paulo, não vai ter o pay-per-view”. Tá, mas eu quero lutar. É um ano parado no auge da minha carreira. Eu luto em São Paulo sem o pay-per-view, mas acho que vale mais a pena do que ficar parada. Se a Amanda não pode lutar e eu sou a campeã, porque é ela quem tem que decidir quando vou lutar ou não? Seria perfeito (lutar em setembro e depois com a Amanda em dezembro).
 


Cris Cyborg não viu uma grande evolução de Amanda Nunes nas últimas lutas (Foto: Marcelo Barone) 

Ao falar tecnicamente sobre Amanda Nunes, Cyborg foi buscar em lutas anteriores da baiana justificativas para dizer que não viu uma grande evolução da rival, e voltou a ironizar o fato de que a campeã dos galos não atua muitas vezes.
 
- Vai ser uma boa luta. São duas brasileiras, e como ela me desafiou, eu disse: "Tá". Estou aqui para aceitar desafios. Na última luta dela, vi falhas, acho que demorou para terminar com a luta contra uma menina que estava há dois anos sem lutar. Acho que eu contra a Holly Holm foi uma lutaça, e não acredito que eu contra a Amanda chegará a alcançar a minha luta contra a Holly em números para a TV. Na última luta vi da Amanda contra a Pennington não vi muita coisa, e a luta contra a Valentina foi bem perto. Podia ter dado para a Valentina até. Eu estava torcendo para a Amanda por ser brasileira. E contra a Pennington dava para analisar mais se a adversária tivesse lutando, mas estava parada há muito tempo. E a Amanda quase que luta, é só uma vez por ano, é mais difícil evoluir assim.
 
 
Confira outros trechos da entrevista de Cris Cyborg:

Quem aguenta mais a pressão: Amanda ou Cyborg?
 
- Pode ser uma luta histórica por serem duas campeãs brasileiras. A Amanda lutava antes no 145 libras (peso-pena), a minha categoria. Ela não teve sucesso na divisão e teve que baixar (para o peso-galo) para lutar. Ela vai ver diferença de força, vai sentir. E não é só força, sou uma 145 (peso-pena), mas sou uma 145 natural, não forço para bater esse peso. Sou rápida e forte naturalmente. E a Amanda costuma dar pressão nas adversárias, mas não recebe pressão de volta, não está acostumada com isso. Uma que deu pressão de volta foi a Cat Zingano. Você nem vê a Amanda falando disso, dessa revanche, porque sabe que não é uma boa luta para ela. Será a mesma coisa comigo. Todo mundo sabe que a Amanda vai para cima de mim, eu não vou recuar, e a gente vai ver quem aguenta mais pressão.
 

Cris Cyborg venceu  a russa Yana Kunitskaya em março, no UFC 222 (Foto: Jeff Bottari/Zuffa LLC / Getty Images) 

Com quem poderia lutar antes da Amanda, em SP?
 
- Tem a Penn Source, tem a Cindy Dandois que também quer lutar comigo. Tem a Megan (Anderson), e não tem problema que ela perdeu para Holly Holm, que lutou pelo meu cinturão mesmo vinda de três derrotas. E teve uma holandesa Germaine de Randamie) que não tinha feito nada e lutou pelo cinturão também, então pelo ranking isso não tem nada a ver. Quero só lutar para manter meu ritmo.
 
 
Poucas lutadoras no peso-pena
 
- Eles falam isso (que vão colocar mais lutadoras na categoria dos penas). A gente chega até a sugerir, mandar nomes: “Olha, essa aqui não está assinada em lugar nenhum, vamos assinar com ela para fazer crescer a categoria". Mas eles não fazem, e o Bellator assina.
 
Falta de ambição do UFC nos penas incomoda?
 
- Quem sai perdendo são eles! Se não tiver menina para lutar na categoria, vou lutar em outro lugar. E eles vão perder dinheiro, porque meus fãs vão comigo. E eles sabem que as pessoas gostam de assistir às minhas lutas. Então, se não investirem na minha categoria, meus fãs vão me ver em outro lugar.
 
Por que diz que a Amanda não vende?
 
- Se você for ver nos eventos em que a Amanda lutou, foram os piores eventos que o UFC já teve. No Brasil também não vendeu. E, quando ela lutou com a Ronda, o UFC não investiu nela, o que também não é culpa dela. Acho que tem um conjunto de coisas que faz com que isso aconteça. Ela não vende, mas não é um fator só dela, é algo para o evento ficar atrás dela.
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