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15/05/2018 às 10h29min - Atualizada em 15/05/2018 às 10h29min

Delator da Lava Jato é preso em operação contra lavagem de dinheiro de tráfico internacional de drogas

Efeito Dominó é um desdobramento da operação que prendeu o Cabeça Branca, um dos maiores traficantes da América do Sul.

José Vianna e Thais Kaniak, RPC Curitiba e G1 PR - Jornal In Foco
g1.globo.com
Operação Efeito Dominó apura crimes de lavagem de dinheiro, contra o Sistema Financeiro Nacional, organização criminosa e associação para o tráfico internacional de entorpecentes (Foto: Divulgação/PF)
Efeito Dominó é um desdobramento da operação que prendeu o Cabeça Branca, um dos maiores traficantes da América do Sul.
 
Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta terça-feira (15) Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará, delator da Lava Jato. Outras sete pessoas também foram presas em uma operação contra lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas.
 
Ceará atuava na Lava Jato com o doleiro Alberto Youssef e firmou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O acordo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A PF disse que vai avisar as duas instituições para que avaliem a rescisão do acordo.
 
Ceará foi preso preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado, em João Pessoa (PB). Como delator da Lava Jato, ele mencionou os políticos Fernando Collor de Mello, Aécio Neves, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.

Outros doleiros
O G1 apurou que, além dele, outros dois operadores financeiros agem no esquema investigado pela Operação Efeito Dominó, deflagrada nesta terça.
 
Um deles, Edmundo Gurgel Junior, foi investigado pela PF no caso Banestado, na Operação Farol da Colina, segundo a Polícia Federal. Ele foi alvo de prisão preventiva, no Recife (PE).
 
O outro doleiro preso é José Maria Gomes. A prisão dele é temporária e ocorreu no Rio de Janeiro (RJ).
 
Todos os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba. O G1 tenta localizar os advogados dos citados.
 
 
Operação Efeito Dominó
Batizada de Efeito Dominó, a ação é um desdobramento da Operação Spectrum, deflagrada em 2017. Na ocasião, Luiz Carlos da Rocha – o Cabeça Branca, um dos maiores traficantes da América do Sul, segundo a PF – foi preso em Sorriso (MT).
 
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De acordo com a PF, a investigação policial apontou uma "complexa e organizada estrutura" destinada à lavagem de recursos provenientes do tráfico internacional de entorpecentes.
 

A estratégia da operação, conforme a PF, é baseda na ligação de interesses das atividades ilícitas dos "clientes dos doleiros" investigados. Até o momento, a Polícia Federal não havia dito quem são esses "clientes", nem o ramo de atuação.
 
De um lado, havia a necessidade de disponibilidade de grande volume de reais em espécie para o pagamento de propinas, segundo a PF.
 
Do outro, de acordo com a PF, traficantes internacionais como – Cabeça Branca – tinham disponibilidade de recursos em moeda nacional e necessitavam de dólares para fazer as transações internacionais com fornecedores de cocaína.
 
Ao todo, são 26 mandados judiciais expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba. Há 18 de busca e apreensão, cinco de prisão preventiva e três de prisão temporária.
 
Os mandados são cumpridos no Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e em São Paulo.
 
Crimes de lavagem de dinheiro, contra o Sistema Financeiro Nacional, organização criminosa e associação para o tráfico internacional de entorpecentes são apurados pela Operação Efeito Dominó.
 
 
Ceará
Ceará, preso na Operação Efeito Dominó, é um dos delatores da Operação Lava Jato. Ele trabalhava para o doleiro Alberto Youssef.
 
Em 2014, Ceará disse, em depoimento, que foi a Maceió e levou R$ 300 mil para o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB-AL) em pacotes de notas de R$ 100. O depoimento foi homologado em 2015.
 
À época, Collor negou conhecer Ceará e questionou a credibilidade do seu depoimento.
 
O delator também mencionou, em depoimento, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu R$ 300 mil a mando de Youssef. Aécio negou a afirmação.
 
Ceará ainda citou a entrega de dinheiro a outros políticos, entre eles, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Contudo, Alberto Youssef negou o repasse de valores a Randolfe Rodrigues, e o STF não viu motivo para investigá-lo. Renan Calheiros negou ter recebido dinheiro.
 
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