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10/05/2018 às 17h15min - Atualizada em 10/05/2018 às 17h15min

“Maternidade Real” traz histórias inspiradoras de mulheres do Bengui que desenvolvem projetos sociais voltados à saúde, proteção e geração de renda de mães.

Exposição de fotografias homenageia mães da periferia

G1 - Jornal In Foco
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"Maternidade Real" retrata histórias inspiradoras de mulheres que se uniram para enfrentar os inúmeros desafios de ser mãe na periferia da cidade (Foto: Rogério Silva/Divulgação)
 
Histórias de vida de mulheres que se conectaram a partir da maternidade são retratadas na exposição “Maternidade Real”, em cartaz até domingo (13), em Belém. O projeto celebra as mães do Benguí, periferia da capital, que se fortalecem em uma rede de apoio que transforma vidas e empodera moradoras há mais de trinta anos. As personagens inspiradoras são integrantes do Grupo de Mulheres do Brasileiras (GMB), captadas pelo fotógrafo Rogério Silva.
 
O Grupo nasceu do desejo urgente de Domingas Martins, 65 anos, de tornar toda sua tragédia particular em uma potente força de atuação social direcionada às mulheres. “O Grupo vem da minha história de vida. Sofri violência desde os oito anos de idade, violência doméstica, sexual, todo tipo de violência que você possa imaginar. Mantive na minha cabeça que eu não queria que nenhuma outra mulher passasse pelo o que eu passei”, relata a presidente do projeto.
 
Essa jornada começou na década de 1980, quando Domingas, fugindo de um casamento abusivo, foi morar no bairro. Lá, ela conheceu outras mulheres e iniciou tímidas organizações de eventos na vizinhança durante o Natal. Com essa proximidade, elas perceberam que podiam atuar para fazer a diferença nas vidas umas das outras. Em 1986, surgia o GMB.
 
“Fazemos rodas de conversa, compartilhamos nossas dores, nossas vitórias. Acolhemos mulheres e encaminhamos para atendimento médico, psicológico, para o Conselho Tutelar, promovemos cursos profissionalizantes”, conta Kátia Milena, uma das coordenadoras do projeto.
 
Para compreender as demandas das mulheres do bairro, o grupo iniciou pesquisas e a foi ouvir as moradoras. “Descobrimos que boa parte das mulheres do bairro sofria de depressão. E essa condição reflete toda a opressão que ocorre em cima da mulher: a violência, sobreviver sozinha, o medo”, frisa Domingas.
 
O GMB é voltado a saúde da mulher, ao combate à violência de gênero e à geração de renda às mães. “Elas terem renda é fundamental para elas sobreviverem. Sem emprego, muitas mulheres ficam com o marido que agride, vivem apanhando. Tendo sua renda, elas têm condições de romper esse ciclo”, destaca a presidente do grupo.
 
 
Uma das ações desenvolvidas pelas mulheres é o Grupo de Produção Amazônica (GPA), onde elas ofertam diversos cursos profissionalizantes e produzem biojóias feitas de caroço do açaí, confeccionam bolsas, camisetas e bonecas.
 
“Entrei pro grupo depois que me separei. Fiquei com meus dois filhos e precisava sustentar a casa e a família. Os pais não pagam pensão, as mães têm que trabalhar. Foi muito duro. Mas o grupo me ajudou nisso porque aprendi outros ofícios e hoje trabalho na própria comunidade, fazendo o artesanato. Foi uma superação, não só na parte financeira, mas conviver com outras mulheres me fortaleceu”, diz Ângela Alves, 46 anos, mãe de 4 filhos.
 
A rede de mulheres transforma histórias de muitas mães na comunidade e enche de esperança e orgulho quem faz parte dessa trajetória. “Eu olho para trás e eu não tenho tristeza. Houve momentos que eu estive no fundo do poço e eu consegui sair. Eu digo a elas: eu não estou falando aqui do que eu li ou vi, mas do que eu vivi. E todas essas conquistas do grupo mostram que a gente consegue, que somos capazes, desde que estejamos juntas. Juntas, somos muito fortes e grandes”, comemora Domingas.
 
Serviço
 
Exposição “Maternidade Real”, em cartaz no Parque Shopping, de 10h às 22h. Entrada franca.
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