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03/05/2023 às 07h55min - Atualizada em 03/05/2023 às 07h55min

Cientistas paraenses estudam os benefícios da andiroba

Vantagens do vegetal estão em artigo científico com os resultados dos estudos no Laboratório de Óleos da Amazônia e no Centro da Biodiversidade

ag. Pa
 

Na gigantesca biodiversidade da Amazônia, entre tantas plantas, a andiroba se destaca por sua versatilidade, valor econômico, ações terapêuticas, antioxidantes, inseticidas e repelentes, podendo ser utilizada na medicina, na agricultura e na indústria de cosméticos. A densidade, a viscosidade e o poder calorífico do óleo de andiroba também o tornaram uma alternativa para a produção de biodiesel.

Os benefícios sobre o vegetal foram destacados em um artigo científico escrito por pesquisadores do Laboratório de Óleos da Amazônia (LOA), e do Centro de Estudos Avançados da Biodiversidade, (Ceabio), da Universidade Federal do Pará, ambos instalados no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá. O trabalho teve ainda a contribuição de pesquisadores do Museu Emílio Goeldi e de outras instituições nacionais e internacionais. O documento foi publicado este mês na revista Arabian Jounal of Chemistry.

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O objetivo do trabalho foi evidenciar as ações biológicas da espécie, através de uma revisão detalhada de 129 artigos sobre as potencialidades da andiroba, escritos entre os anos 1993 e 2022. Os estudos foram selecionados por títulos, resumos, palavras-chave, e passaram por outros critérios até serem analisados. A proposta do artigo foi relacionar estudos científicos, produzidos ao longo de quase trinta anos.

“Achamos importante fazer um levantamento do que foi estudado até hoje sobre a andiroba e quais suas aplicações biotecnológicas. Tivemos que seguir critérios rigorosos, usamos ferramentas específicas que fazem esse levantamento minucioso dos dados sobre o tema, para que pudéssemos divulgar resultados de revistas conceituadas com alta fidedignidade cientifica”, explica Renata Noronha, pesquisadora do Ceabio.

Ação analgésica, antibacteriana, anti-inflamatória e antialérgica- O levantamento enfatiza as contribuições da ciência na identificação de propriedades, de compostos bioativos, da atividade biológica da árvore, e ainda as descobertas até o momento sobre a ação analgésica, antibacteriana, antifúngica, antiparasitária, anti-inflamatória, antialérgica do óleo da flor e da semente de andiroba.

“As ações da andiroba já são conhecidas pelo conhecimento popular, todo mundo tem um parente, uma avó, mãe, tia, que conhece os efeitos terapêuticos da andiroba, e muitas vezes colocam aquele algodão com andiroba na garganta pra curar. Então isso já é um indício para o conhecimento científico avançar nos estudos, e como resultado desses estudos a gente tem a comprovação dessas ações”, detalha Luís Adriano Nascimento, vice-coordenador do LOA.

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O trabalho publicado destaca ainda os efeitos da andiroba contra a obesidade, no processo de cicatrização, e até contra o câncer. “As pesquisas são dinâmicas, todo dia você tem uma resposta e precisa de mais estudos, é um processo natural, surgem novas metodologias de análises, sofisticação dos equipamentos, e rapidez nos processamentos. O olhar para o futuro é constante, principalmente quando envolve um óleo que é anti-inflamatório, com potencial anticancerígeno, por exemplo. Então essas respostas científicas proporcionam avanços nos estudos, pensar no futuro e em desenvolver produtos promissores que possam salvar vidas ou até mesmo impedir que as pessoas adoeçam”, reforça Renata.

Muito do que se utiliza hoje do vegetal, é resultado ou tem influência das investigações realizadas até o momento, e que mostram possibilidades para aplicações farmacêuticas, medicinais e cosméticas dessa planta. Esses benefícios foram estudados a partir de testes em animais e células, e serviram como indicativos preliminares.

“Há estudos que pararam na primeira fase, mas outros apresentaram resultados promissores e com possibilidades de continuar, por isso é necessário realizar mais testes. Para o futuro a gente tem além da possibilidade de confirmar essas atividades biológicas, a perspectiva de utilizar a andiroba impregnada em biomateriais, utilizar a biotecnologia, por exemplo, para preparar curativos, emulsões, géis, e essa já é uma das atividades de pesquisa e inovação que nosso grupo vem fazendo”, acrescenta, Luís Adriano.

Potencial biotecnológico

Os experimentos despertam o interesse de pesquisadores em potencializar as riquezas da andiroba por meio da biotecnologia. Renata Noronha reforça que o levantamento feito deixa claro que a planta tem um potencial biotecnológico em várias áreas, podendo gerar produtos que movimentam bilhões no mundo inteiro.

Renata Noronha, pesquisadora do Ceabio

Renata Noronha, pesquisadora do Ceabio

Renata Noronha, pesquisadora do Ceabio |Foto: Alex Ribeiro / Ag. Pará

“Já temos uma diversidade de produtos no mercado devido aos relatos da população, e os estudos científicos já realizados asseguram e validam isso, temos cápsulas de medicamentos, repelentes, cosméticos etc. Então, cada pesquisa feita com a andiroba, seja na área química, biológica, física, trouxe respostas fundamentais para o desenvolvimento de produtos, e para a população ao longo desses anos”.


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