O Governador do Pará, Helder Barbalho, fez a primeira participação na 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 27) nesta segunda-feira (14), dentro do painel "Financiamento climático: o papel da cooperação internacional para o desenvolimento de baixas emissões na Amazônia". Os debates ocorreram na agenda do Consórcio Amazônia Legal da COP 27, realizada este ano em Sharm El Sheikh, no Egito. No painel, o chefe do Executivo Estadual destacou a importância do financiamento climático para aceleração do desenvolvimento de baixo carbono na Amazônia Brasileira e falou sobre os desafios do Consórcio em frear os problemas ambientais mais urgentes.
"O Consórcio da Amazônia Legal é de fundamental importância, pois podemos criar estratégias regionais, estratégias de cooperação que sejam feitas em áreas de divisas entre os estados que fazem parte da Amazônia,consolidando e construindo com apoiamento e financiamento de entidades internacionais, para viabilizarmos uma força regional de combate ao desmatamento, ter estruturas de logística e ter financiamento, seja para o incremento de brigadistas para região da Amazônia para combater os incêndios, seja na estrutura logística com o uso de aeronaves e a infraestrutura necessária para que possamos combater as ilegalidades ambientais", ressaltou ele na abertura dos trabalhos, em nome do presidente do Consórcio Amazônia Legal, governador Antônio Waldez Góes (AP) e dos demais governadores dos estados membros do Consórcio.
Como amazônida e convidada para as discussões, a cantora paraense Fafá de Belém se emocionou durante a agenda. Ela falou sobre a importância de outros países olharem para a Amazônia, respeitando os povos originários da floresta e suas particularidades. "Desculpem a emoção, quero falar aqui da importância do mundo olhar para nós, amazônidas. A Amazônia, às vezes, é vista de forma folclórica, como se nós não pertencessemos ao Brasil e ao mundo. O mundo nos olha, às vezes, como mais delicadeza que muitos lugares do Brasil. Não somos caricatura de um projeto, somos um povo, nós temos história, nossa natureza é forte. Espero que, a partir de agora, nos olhem com olhos de humanidade. Nós temos muito para dar, muito para ensinar. A Amazônia é um celeiro cultural e a bioeconomia precisa ser resgatada por meio de todos os nossos biomas. Tenho muito orgulho do governador Helder Barbalho por estar a frente disso tudo, por estar olhando para nós, pela floresta viva, como a única possibilidade de mantermos a floresta em pé", disse ela, que cantou sobre a Amazônia após o discurso.
Compartilhando da mesma opinião, o diretor de clima, floresta e meio-ambiente da Alemanha, Heike Henn, disse que o país está animado para parcerias com os estados brasileiros, a fim de manter o financiamento climático, e consequentemente, a floresta em pé. "Já temos uma cooperação de longa data com o Brasil. Nós não temos uma visão futurista sobre a Amazônia, nós não falamos sobre a Amazônia sendo um bem público global, ela pertence ao Brasil, seus países vizinhos e as pessoas da Amazônia. A floresta tem um grande impacto em bens públicos e aí é que queremos trabalhar juntos aos nossos governadores no Brasil. Começamos com um projeto, o Amazon Fund, e os estados subnacionais sabem como organizar isso de uma maneira bem sucedida, e vamos voltar com esse programa, ele estará disponível para apoiar o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Finalizo dizendo que estamos muito atraídos pela ideia de uma economia da floresta em pé, é isso que queremos ver e apoiar. Sabemos que o Brasil e a região amazônica precisam ter crescimento para melhorar o bem-estar das pessoas e por isso estamos renovando essa parceria com nossos amigos brasileiros", ressaltou ele.
Ao final do painel, o governador Helder Barbalho agradeceu os participantes em nome dos governadores do Consórcio da Amazônia Legal e ressaltou que o financiamento climático é o grande caminho para o futuro da Amazônia, já que visa apoiar ações de diminuição e adaptação à crise climática, sobretudo por meio do fomento de políticas públicas e projetos para enfrentamento da crise. "Que possamos reativar mecanismos de financiamento, que possamos reativar o Fundo Amazônia, para que o Brasil, com seu protagonismo e responsabilidade ambiental, possa conciliar um modelo de desenvolvimento sustentável que olhe para floresta com ativo e para as pessoas. Essa união de todos, sob a liderança do governo brasileiro, vamos construir e assegurar que a Amazônia seja a solução para o Brasil, solução para o planeta e, acima de tudo, o equilíbrio entre as pessoas e a floresta", disse ele, lembrando que o Pará será protagonista no tema ao lançar o plano de bioeconomia durante a COP 27.
Além do governador do Estado, Helder Barbalho, participaram do painel, os governadores Gladson Cameli (AC), Mauro Mendes (MT), Wanderlei Barbosa (TO) e Marcos Rocha (RO), além de Andreas Dahi Jorgensen, Diretor do NICFI/Noruega; Heike Henn, Diretor de Clima, Floresta e Meio Ambiente da BMZ-Alemanha; Kate Hugues, Diretora de finanças Climáticas Internacionais do BEIS/Reino Unido; Felice Zaccheo, Chefe da Unidade “México, América Central, Caribe e Operações Regionais2”, Diretor-Geral das Parcerias Internacionais (DG INTPA)/Comissão Europeia; Sílvia Ruks, Coordenadora Residente da ONU Izabela Teixeira, Co-Presidente do Painel Internacional de Recursos do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas; Susan Gardner, Diretora de Ecossistemas do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas. O painel foi mediado por Rosa Lemos, Secretária Executiva do Fundo Brasileira para a Biodiversidade/FUNBIO.